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Japão sai na frente para reprogramar células de pacientes

28 de junho de 2013
 
Por Kosaku Narioka e Phred Dvorak | The Wall Street Journal, de Tóquio 
 
Esta semana o Japão deu um grande passo na corrida para desenvolver terapias com células-tronco: foi concedida aprovação preliminar ao primeiro estudo com seres humanos para um novo tratamento que reprograma as células do próprio paciente para regenerar tecidos danificados.
 
Um importante painel do Ministério da Saúde japonês aprovou na quarta-feira o que pode se tornar a primeira pesquisa clínica no mundo para células-tronco pluripotentes induzidas, conhecidas como células iPS, em um estudo focado no seu uso para doenças oculares.
 
Essa decisão abre caminho para a provável aprovação final do ministro da Saúde, talvez já em julho, com os primeiros implantes de células iPS em seres humanos possivelmente no ano que vem, de acordo com a Riken, instituto de pesquisa apoiado pelo Ministério da Saúde e pelo governo japonês, cujo Centro de Biologia do Desenvolvimento está pedindo a permissão para realizar o estudo.
 
Se aprovado, o estudo poderá ajudar a acelerar o desenvolvimento das terapias com tecnologia iPS - um processo relativamente novo pelo qual células maduras são reprogramadas para tornar-se, tal como as células embrionárias, outros tipos de tecidos.
 
Para acelerar o processo, a Riken está buscando permissão não para um ensaio clínico - cuja aprovação é mais difícil e que normalmente leva dez anos para ser realizado -, mas sim para um tipo de pesquisa clínica pré-testes permitida pelos reguladores japoneses. Essas pesquisas clínicas podem ser feitas em escala muito pequena - a Riken pretende experimentar o tratamento em apenas um punhado de pacientes - e não podem levar de imediato a formas aprovadas de terapia ou comercialização.
 
Mesmo assim, seria um início acelerado para experimentar uma terapia com células-tronco em seres humanos: as células iPS foram produzidas pela primeira vez em 2006 e ainda há muitas incertezas e preocupações acerca do processo, em especial o temor de que as células transformadas possam continuar a se multiplicar, produzindo tumores cancerosos nos pacientes. Até mesmo os tratamentos com células-tronco embrionárias, que já são cultivadas e estudadas há décadas, ainda estão em testes clínicos muito preliminares.
 
"Obviamente há algumas questões de segurança que devem ser abordadas quanto à produção de células iPS e ao risco de formação de tumores", diz Nissim Benvenisty, diretor da unidade de células-tronco da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel. "Mas tenho certeza que os pesquisadores vão tentar tratar dessas questões da melhor maneira possível."
 
Nos Estados Unidos, alguns pacientes já estão recebendo novas células na retina, derivadas de células-tronco embrionárias, para tratar a degeneração da mácula.
 
O Japão tem um carinho especial pelas células iPS, cujo pioneiro foi um cientista japonês, Shinya Yamanaka, da Universidade de Kyoto, em um estudo que lhe valeu um Prêmio Nobel no ano passado. O Ministério da Educação do Japão informou que planeja gastar 10 bilhões de ienes (US$ 1,13 bilhão) em pesquisas sobre as células iPS nos próximos dez anos.
 
Em abril, o parlamento japonês chegou a aprovar uma lei exortando o país a tornar os tratamentos médicos regenerativos, tais como a tecnologia iPS, disponíveis para os seus cidadãos "antes do resto do mundo". O parlamento também planeja discutir, ainda este ano, projetos de lei para acelerar o processo de aprovação e garantir a segurança desses tratamentos.
 
"Mesmo agora, muitas pessoas julgam que ainda não se pode partir [para os testes clínicos] com as células iPS", diz Masayuki Yamato, especialista em medicina regenerativa da Universidade Médica da Mulher, em Tóquio. "Mas [o painel] deu o OK, por isso o Japão é um país incrível nesse aspecto (....) Está apostando nas células iPS." 
 
A proposta de estudo com as células iPS vai se concentrar em pessoas que sofrem de degeneração senil da mácula, uma doença ocular relacionada à idade avançada em que a retina se degenera, causando perda da visão. A equipe de pesquisa vai reprogramar células da pele dos pacientes para se tornarem células iPS, que seriam induzidas a se transformar em células da retina. Essas, então, seriam implantadas nos olhos dos pacientes.
 
O estudo vai buscar garantir que o tratamento não cause riscos graves para os pacientes. O grupo inicial terá pacientes para os quais os tratamentos médicos existentes fracassaram, disse um porta-voz da Riken. Se esses testes forem bem, o instituto espera realizar mais uma rodada de testes para ver se os transplantes podem ajudar a restaurar a visão, com o objetivo final de desenvolver um tratamento que possa ser comercializado.
 
Um obstáculo final, mesmo que os testes corram bem, pode ser o custo: Yamato diz que as estimativas iniciais para o tratamento giram em torno de 50 milhões de ienes (mais de US$ 500 mil) por pessoa.
 
Antes de obter a aprovação final para o prosseguimento do estudo, o pedido da Riken deve ser avaliado por mais um grupo do Ministério da Saúde em meados de julho, disse Akinori Hara, uma autoridade do ministério. Esse grupo até hoje nunca vetou uma aprovação concedida pelo painel inicial, acrescentou ele. O ministro geralmente dá a aprovação final uma ou duas semanas depois, disse ele.
 
Os pesquisadores começarão a se preparar para os implantes assim que o estudo for autorizado, disse a porta-voz da Riken, Natsuko Izumi. A equipe tenciona realizar o primeiro implante humano ainda no próximo ano fiscal, a começar em abril de 2014, disse ela. (Colaborou Robert Lee Hotz)
 
Fonte: Valor Econômico


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