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Vaidade de chumbo

03 de maio de 2013
 
COSMÉTICA
 
Pesquisadores encontram metais tóxicos em níveis nocivos na composição de batons
 
DUILO VICTOR
 
O beijo de uma mulher americana pode ter mais veneno do que se imaginava.
 
Pesquisadores da Universidade da Califórnia, na Escola de Saúde Pública de Berkeley, testaram 32 tipos diferentes de batons e gloss dos mais encontrados em farmácias e lojas de departamento dos Estados Unidos. Metade tinha chumbo em quantidade maior que o permitido pelas autoridades sanitárias americanas em doces consumidos por crianças. Já em dez marcas, que não foram identificadas no estudo, havia excesso de cromo, um cancerígeno ligado a tumores de estômago e pulmão.
 
Todos os bastões coloridos tinham manganês, titânio e alumínio. Ingestão de alumínio já foi associada, a longo prazo, ao desenvolvimento do mal de Alzheimer. Com o passar do tempo, a exposição a concentrações exageradas de manganês está ligada à intoxicação do sistema nervoso.
 
PRODUTOS ACABAM SENDO INGERIDOS Batons e gloss são cosméticos peculiares, pois são ingeridos e absorvidos pouco a pouco. Como referência, os cientistas americanos consideraram que a ingestão média de batons é de 24 miligramas por dia. As moças que costumam retocar a cor do batom o dia todo comem até 87 miligramas do produto.
 
Dos produtos analisados, que custam entre US$ 5 e US$ 20, havia chumbo em 24, mas em uma concentração menor que a aceitável pelas normas americanas para cosméticos. No entanto, ponderam os especialistas, tais concentrações podem ser nocivas, sobretudo para crianças que costumam brincar com maquiagem e, involuntariamente, podem ingerir mais batom. Autoridades da União Europeia consideram inaceitáveis quaisquer níveis de cádmio, cromo ou chumbo em cosméticos.
 
Estudos anteriores já haviam encontrado metais em cosméticos, mas os pesquisadores de Berkeley estimaram o risco a partir do uso cotidiano do produto, e então compararam esta quantidade com os níveis tolerados descritos em protocolos de saúde pública.
 
- Encontrar o metal tão somente não é a questão, mas sim o nível destes elementos - disse a líder da pesquisa, Katharine Hammond, em declaração divulgada pela universidade. - Alguns dos metais tóxicos estão em níveis com possível efeito a longo prazo.
 
Os autores ponderam que não é o caso de jogar fora os batons, mas sim de alertar as autoridades americanas para a elaboração de uma norma detalhada para batons, ainda inexistente.
 
No Brasil, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, nenhum dos metais relacionados na reportagem são permitidos em batons ou gloss, ou qualquer outro cosmético, com exceção do chumbo, para tintura de cabelo. A mesma agência informou, em nota, que não há registro de fraude na composição de batons no país.
 
Mas um estudo publicado em outubro do ano passado por cientistas do Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) pode ser indício de que falta fiscalizar. Em 22 tipos de batons, apenas um, de origem francesa, não continha chumbo. As maiores concentrações foram vistas em batons chineses.
 
Uma das autoras da pesquisa - que tratava sobre métodos de detecção de metais em cosméticos -, Clésia Nascentes explica que não é da natureza do batom ter metais tóxicos, sendo, portanto, contaminantes. Pigmentos mais escuros, como o vermelho e o marrom, tendem a ter mais metais. Ela notou no estudo que marcas mais caras têm níveis menores de contaminantes: - É importante uma legislação que estabeleça valores máximos para o nível de metais. O produto final não é controlado. Há normas da Anvisa para contaminantes, mas na matéria prima.
 
Além do estudo mineiro, em 2010, pesquisadores do Instituto de Química da Unicamp analisaram 16 tipos de batons.
 
Foram encontrados 11 metais diferentes, com destaque para concentrações de bromo e titânio, em quantidades "potencialmente tóxicas".
 
Números
 
10 AMOSTRAS DE BATOM
 
de 32 vendidas nos Estados Unidos tinham nível de cromo acima do tolerável, se considerada a média diária de ingestão involuntária
 
16 BASTÕES ANALISADOS
 
ou metade do total pesquisado, tinham nível de chumbo acima do tolerado em doces infantis, mas dentro do limite para cosméticos
 
21 PRODUTOS VENDIDOS NO BRASIL,
 
entre 22 tipos de batons analisados em estudo da UFMG, tinham alguma concentração de chumbo, uma ilegalidade, segundo a Anvisa.
 
Fonte: O Globo


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