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Isolante matou pacientes em Campinas

26 de abril de 2013
 
Substância usada em exames de ressonância provocou, em contato com o sangue, bolhas que interromperam a circulação de 3 pessoas
 
Ricardo Brandt
 
Um composto químico usado em processos industriais como isolante elétrico e que era manipulado sem conhecimento da Vigilância em Saúde para exames de ressonância de próstata foi a causa das mortes de três pacientes no Hospital Vera Cruz, em Campinas, em 28 de janeiro, após realizarem exames de ressonância magnética no crânio.
 
O perfluorocarbono foi injetado na veia dos pacientes por engano por uma técnica de enfermagem que estava em experiência e trabalhava sem a supervisão da enfermeira-chefe.
 
Os pacientes dois homens de 36 e 39 anos e uma mulher de 29 morreram de parada cardiorrespiratória logo após fazerem os exames com uso de contraste (produto usado para melhorar a imagem das ressonâncias) na clínica Ressonância Magnética Campinas (RMC), que funciona dentro do hospital, um dos particulares mais conceituados da cidade.
 
"Esse produto é usado em exames de próstata, no reto, mas sem contato com o organismo.Em hipótese alguma,ele pode ser injetado. Por questões térmicas e depressão,a substância sofre uma alteração físicoquímica quando em contato com o sangue e a substância, de líquida, se transforma em gás, sendo fatal", explica o coordenador do Centro de Controle de Intoxicações de Campinas, Eduardo Melo de Capitane, da Unicamp.
 
O delegado do 1.ºDistrito Policial de Campinas, José Carlos Fernandes, afirmou que cada paciente recebeu 10 ml de perfluorocarbono. "A técnica imaginou que tivesse injetando soro fisiológico.Ela colocou o produto quando preparava os pacientes para os exames", explicou.Segundo Capitane,pelo peso das vítimas, 7 ml seriam suficientes para matá-las.
 
O perfluorcarobono aplicado nas vítimas (FC770) é um líquido incolor e muito pouco tóxico, mas que em contato com o sangue provoca embolia gasosa.As bolhas de gás interromperam a circulação sanguínea e a oxigenação do organismo, provocando a morte dos pacientes.
 
Desde 2001, sabe-se do risco de morte quando em contato com o sangue, desde que foram registrados casos na Croácia e na Espanha após limpeza de equipamentos de hemodiálise.
 
"Ele é um produto usado para limpar equipamentos e detectar vazamentos. Em 2001, em uma dessas limpezas, foi deixado dentro dos equipamentos de hemodiálise e 23 pacientes morreram. O mesmo ocorreu na Espanha,ondemorreram12",conta o toxicologista da Unicamp.
 
Regulamentação. Apesar de o uso não ser regulamentado para exames de ressonância e se ter conhecimento de uso medicinal do perfluorcarbono em situações especiais,como sangue artificial, ventilação mecânica e cirúrgicas oftalmológicas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa)não reconhece o uso do produto.
"Estamos aguardando o resultado de uma consulta para saber quais medidas vamos tomar quanto ao uso desse tipo de substância, que é industrial", afirmou Brigina Kemp, da Vigilância Sanitária de Campinas.
 
Fonte: O Estado de S. Paulo


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