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Capital sitiada pela dengue

11 de abril de 2013
 
As cidades do Entorno enfrentam alto risco de epidemia da doença. Em todo o país, número de registros cresceu quatro vezes em relação a 2012. A maior quantidade de infectados em relação à população está no Centro-Oeste
 
GRASIELLE CASTRO
 
A dengue já atinge números de epidemia nas cidades que cercam o Distrito Federal e pressiona o sistema de saúde pública em Brasília. Das quatro unidades da Federação que formam a Região Centro-Oeste, apenas o DF não está em situação de alerta, apesar de as notificações ao Ministério da Saúde terem aumentado 470% nos três primeiros meses do ano, na comparação com o primeiro trimestre de 2012. Mas a situação ao redor da cidade é alarmante. Mato Grosso do Sul, com incidência de 3.105 casos suspeitos para cada grupo de 100 mil habitantes e 77,7 mil registros totalizados, é a unidade da Federação que ostenta a maior incidência da dengue no país. Goiás vem em segundo lugar. Do ano passado para cá, as notificações aumentaram mais de 10 vezes no estado e alcançaram a marca de 84 mil doentes.
 
Além dos estados da Região Centro-Oeste, oito estão em alerta para risco de epidemia da doença. Depois de dois anos de queda nos registros, os dados divulgados pelo Ministério da Saúde, ontem, mostram que, se os casos suspeitos se confirmarem, o Brasil pode bater o recorde de 2010, quando foram constatados 580 mil casos. O levantamento do ministério mostra que, hoje, há 714 mil casos em investigação, quase quatro vezes mais que no ano passado.
 
O mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, se espalha com rapidez na pequena Terezópolis de Goiás, a 170km de Brasília. Na cidade, todos os moradores têm uma história envolvendo a dengue para contar. A vendedora Gildeci de Oliveira, por exemplo, começou a semana levando a filha Mylena Luz, 17 anos, ao posto de saúde para tratar a doença. "Só na família, foram pelo menos sete infectados. Pai, mãe, irmãos, sobrinhos, filhos, já foi quase todo mundo", enumera a vendedora.
 
O número de registros da doença na cidade aumentou drasticamente. De acordo com o boletim da Secretaria de Saúde de Goiás, nos últimos três meses foram notificados 211 casos para uma população de apenas 6,7 mil habitantes - proporcionalmente, uma taxa de incidência de 3 infectados por 100 habitantes.
 
Na maioria das vezes, as pessoas nem sabem que ajudam a multiplicar o vírus. Morador da cidade, o motorista de caminhão Ronivaldo Ferraz Alves, 37, vive de um lugar para o outro e não percebeu quando o vírus começou a atacar a família dele. "De repente, meus dois filhos estavam contaminados. É triste ver um local ser tomado pela doença", lamenta. "Todo dia falta alguém na escola por suspeita de dengue. Nos quiosques à beira da rodovia (BR-060, que liga Goiânia a Brasília), umas seis pessoas ficaram doentes ao mesmo tempo", acrescenta Raimundo Gabriel, 17, um dos filhos de Ronivaldo que pegou a doença no mês passado.
 
O professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB) e integrante do Grupo de Planejamento de Ações de Combate à Dengue Marcos Obara explica que, quando uma pessoa é contaminada, ela pode infectar uma nova população de mosquitos e contribuir para aumentar ainda mais a incidência da doença.
 
Uma das explicações para esse avanço da dengue, segundo a secretária de Saúde de Terezópolis de Goiás, Carla Rosa, é o problema que a cidade enfrentou, no ano passado, com a falta de coleta de lixo. Segundo ela, após as eleições, a prefeitura parou de fazer o recolhimento do lixo. "O candidato do prefeito não foi eleito e ele parou de fazer o manejo, de retirar o lixo e o entulho", resume. Com as chuvas, a água ficou parada nesses locais. "Lugar perfeito para o mosquito se multiplicar", acrescenta a secretária. Ela assegura que o lixão que mais cresceu no ano passado já foi desativado, mas reclama da falta de consciência da população, que continua a jogar lixo na rua e não toma providências para evitar o acúmulo de água parada. Recentemente, o ministro da Saúde, Alexande Padilha, corroborou com o argumento da secretária de que a mudança política deixou algumas cidades às moscas.
 
O coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue, Giovanini Coelho, explica que as notificações também estão associadas ao novo tipo de vírus que está em circulação, o sorotipo 4.
 
No Distrito Federal, três cidades estão em alerta: Ceilândia, Samambaia e Taguatinga concentram, conforme o Correio publicou na edição de ontem, 32,9% dos casos confirmados. A subsecretária de Vigilância à Saúde, Marília Cunha, informou que, apesar do aumento, os números do DF ainda são considerados bons.
 
"Quem não se trata a tempo pode se complicar e desenvolver outros quadros, principalmente crianças e idosos, que têm o sistema de defesa mais frágil"
 
Marcos Obara, professor de epidemiologia da UnB
 
Fonte: Correio Braziliense


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