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Profissionais no centro das práticas de inovação

07 de abril de 2013
 
Escola Superior de Ciências da Saúde firma parceria de cinco anos com universidade americana para melhorar a gestão nas UPAs. Unidade do Recanto das Emas recebeu os pesquisadores este ano
 
MARIANA NIEDERAUER
 
Gerar inovação sem custos é o desafio e o grande objetivo de empresas e do governo. No sistema de saúde não é diferente, e a Coordenação de Pesquisa e Comunicação Científica da Escola Superior de Ciências da Saúde (CPEq/ESCS) encontrou uma forma de concretizar essa meta: por meio da formação de estudantes e de profissionais da rede. A escola firmou parceria de cinco anos com a Marshall School of Business (MSB), dos Estados Unidos, para unir as práticas acadêmicas com as necessidades do sistema, uma das maiores dificuldades enfrentadas hoje.
 
"Existem vários problemas pouco relevantes da perspectiva acadêmica, mas que são muito importantes para o sistema. Para essa classe de problemas, é necessário promover uma mudança, e a ideia é fazer isso por meio da educação", explica o coordenador do curso de mestrado na MSB, Sriram Dasu, doutor em gestão e tecnologias voltadas para operações de saúde global.
 
No ano passado, quando teve início a parceria, o primeiro cenário escolhido para o trabalho foi a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Samambaia. Em 2013, três alunos do curso de gestão e inovação de processo da universidade americana deram continuidade ao projeto, dessa vez analisando o trabalho da UPA do Recanto das Emas e toda a situação de saúde na região. Depois de conhecerem detalhadamente o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), os estudantes foram conhecer o local. A enfermeira Marcella Fernandes Xavier, 25 anos, conta que eles ficaram muito interessados na classificação de risco pela unidade, com cores identificando o estado de cada paciente. "Também gostaram muito da ideia de saúde pública, que é para todos e não é paga", lembra.
 
Eficiência
 
O coordenador do projeto na ESCS, Karlo Quadros, reforça que o objetivo principal é criar uma ponte entre o mundo acadêmico, o trabalho e a comunidade. Essa é uma maneira de alcançar com mais eficiência, inclusive, o objetivo das próprias UPAs (leia o Saiba mais). "O sistema brasileiro, em geral, está voltado para as condições agudas e não para as condições crônicas, que prevalecem hoje e que são mais baratas de se prevenir", ressalta Quadros. Doenças como hipertensão arterial e diabetes podem ser controladas nas UPAs, que encaminham os casos às equipes de saúde da família quando necessário, evitando o agravamento do estado do paciente por falta de acompanhamento frequente e, assim, reduzindo os custos para o sistema de saúde.
 
A diretora da UPA do Recanto das Emas, a médica Cristhiane de Aguiar, 37 anos, relata a dificuldade que teve em se adaptar para exercer a tarefa. Para a nefrologista, tornar real as metas estabelecidas pelo Ministério da Saúde é o principal desafio. Ela destaca que falta literatura específica na área de gestão das UPAs. "O gestor brasileiro precisa de conhecimento teórico que muitas vezes ele não tem", afirma. Por isso, a parceria com a MSB veio em boa hora. "Os estudantes já apontaram alguns problemas para os quais nós estamos pensando em soluções", completa.
 
Para a enfermeira Marcella, a formação constante do profissional é essencial para garantir a qualidade do serviço. Ela participou, por exemplo, de cursos sobre atendimento pré-hospitalar, sobre o Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e sobre vigilância epidemiológica. "Com isso, entendemos mais a rede e ampliamos a nossa visão", relata. Marcella lembra que os estudantes deixaram uma observação interessante relacionada ao fluxo da unidade. Eles perceberam que o fato de os pacientes entrarem na área de atendimento para passar pela triagem para depois voltarem à recepção externa da unidade é ruim, pois o cidadão acredita que, ao entrar no hospital, será automaticamente atendido, mas volta para a outra sala frustrado.
 
Soluções universais
 
Os resultados da pesquisa feita no Recanto das Emas serão debatidos durante videoconferência marcada para maio, entre representantes da ESCS e da MSB. O objetivo é que as soluções apontadas pelos especialistas da universidade americana sejam implementadas na UPA e otimizem o atendimento à população. Como o modelo das unidades é unificado no país, os resultados podem, futuramente, atingir também outras regiões. "As soluções possíveis são universais, pois os conceitos fundamentais são os mesmos", ressalta o professor Dasu. A mobilização dos alunos que estão sendo formados para o SUS na ESCS também será um benefício futuro do projeto.
 
"Para que esse tipo de colaboração funcione, você precisa de pessoas que estão dispostas a mudar", lembra Dasu. Ele acredita que o aumento da renda per capita em países desenvolvidos e naqueles que estão em desenvolvimento, como o Brasil - o que resulta no aumento da expectativa de vida e no envelhecimento da população -, começa a mudar a forma como essas próprias nações pensam os seus sistemas de saúde. Nesse sentido, trabalhar com a ajuda da comunidade e da academia é de extrema importância. "Não é mais uma questão de encontrar a cura de doenças ou de descobrir um novo medicamento, mas de como dar o melhor atendimento possível ao máximo de pessoas com os recursos existentes", finaliza.
 
Parte do sistema
 
A ESCS é mantida pela Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs), entidade vinculada à Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF). A escola oferece os cursos de medicina e de enfermagem.
 
Saiba mais
 
Atendimento à comunidade
 
Em 2003, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Urgência e Emergência. Hoje, a atenção primária fica a cargo das unidades básicas de saúde e das equipes de saúde da família, e os hospitais são encarregados do atendimento de média e alta complexidade. No nível intermediário, a responsabilidade é do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), que funcionam 24 horas por dias, todos os dias da semana. A intenção é diminuir as filas nos prontos-socorros dos hospitais. De acordo com o ministério, 97% dos casos são solucionados na própria unidade.
 
O Distrito Federal conta com quatro UPAs, instaladas nas regiões administrativas de Samambaia, Recanto das Emas, São Sebastião e Núcleo Bandeirante. Outras 11 estão em construção. A previsão da Secretaria de Saúde do DF é de que, ainda em 2013, Asa Norte, Ceilândia, Gama, Taguatinga Norte, Sobradinho e Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) também recebam unidades. Em todo o país, há 788 UPAs habilitadas pelo Ministério da Saúde, 272 delas estão em funcionamento e 516 em construção. O estado com o maior número de unidades é São Paulo, são 53 em funcionamento e 108 em construção. O Paraná foi a primeira unidade da federação a ter uma UPA.
 
Fonte: Correio Braziliense


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