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Alimentos por trás do rótulo

24 de março de 2013
 
Especialistas alertam para os produtos que pregam peças e atrapalham a dieta, mas aprender a ler a composição é uma saída
 
Flávia Milhorance
 
O brasileiro está engordando. É verdade que a obesidade depende da genética, mas seus níveis vêm aumentando por duas razões principais: sedentarismo e má alimentação. E o custo é alto: R$ 488 milhões foram gastos em 2011 pelo SUS com tratamento de obesidade e doenças relacionadas, mostrou uma pesquisa divulgada esta semana pelo Ministério da Saúde. Muito disto poderia ser reduzido com a prática de hábitos saudáveis que boa parte dos indivíduos sabe bem quais são. Mas a boa alimentação às vezes guarda pegadinhas. A dica de especialistas é ficar de olho em rótulos. Um exemplo traiçoeiro é a barrinha de cereal, opção para toda hora que parece saudável, mas nem tanto.
 
- Com o nome barrinha de cereal esperamos que o ingrediente principal seja o cereal, fonte de fibras. Mas é só pesquisar os rótulos. Há boas opções, mas eu rasgo meu diploma se a maioria delas não vier com o xarope de glicose na frente da lista - comenta Bia Rique, chefe de nutrição da enfermaria de cirurgia plástica da Santa Casa da Misericórdia do Rio e autora do livro "Comer para Emagrecer".
 
Na lista destes falsos inocentes, Bia acrescenta produtos industrializados com rótulos light ou diet:
 
- As pessoas acham que podem consumir à vontade doces, biscoitinhos naturais, sorvetes com estes rótulos. Eles parecem inofensivos, mas não é porque é light que pode comer muito.
 
Adoçantes e absorção de energia
 
Especialista em nutrição clínica e estética, Lucianna Jardim explica que estes produtos são carregados de adoçante, que acelera a absorção de energia.
 
-Numa refeição com refrigerante zero, o indivíduo pode estar evitando a caloria da bebida, mas o produto ativará o intestino a absorver mais calorias da refeição - explica Lucianna, que ainda afirma que eles podem ser tóxicos ao organismo. - Na década de 1980, quando o aspartame foi liberado, não havia esse consumo exagerado de hoje. Boa parte dos produtos light e diet tem adoçante na fórmula. Há inclusive estudos não conclusivos relacionando adoçantes ao risco de câncer.
 
O famoso frozen iogurt também entraria na lista, segundo Lucianna:
 
- É melhor do que sorvete, porque há marcas com probióticos, o que é bom para o intestino. Mas um pote pequeno tem 20g de carboidratos e poucos nutrientes.
 
Segundo as nutricionistas, uma alimentação menos industrializada, apesar de mais calórica, pode ser melhor, pois é mais nutritiva e saudável.
 
- O açaí é super calórico (200g gramas dele puro tem 130 calorias. Adicionando guaraná e outros, passa de 500 calorias), mas é benéfico porque tem antioxidantes - exemplifica Bia.
 
Os melhores exemplos dos calóricos do bem são as oleaginosas: castanhas em geral, nozes e macadâmias têm cerca de 800 calorias a cada 100g, mas são fonte de fibras e gorduras monoinsaturadas, boas para regulação dos hormônios, redução do abdômen e proteção cardiovascular. Salmão e azeite de oliva entram nesta lista.
 
Açúcar, o vilão da obesidade
 
O pediatra americano Robert Lustig vem causando polêmica ao defender que o consumo de açúcar é pior do que de gordura no que se refere à epidemia global de obesidade, um raciocínio oposto ao que é defendido hoje. Autor do livro "Fat Chance: The Bitter Truth About Sugar" (A vez da gordura: a verdade amarga sobre o açúcar, em tradução livre), ele compara o açúcar a drogas como cocaína e heroína, por ser tóxico e viciante. Os rios de refrigerante consumidos por jovens teriam mais a ver com a obesidade do que as montanhas de hambúrgueres, porque, ele diz, o açúcar eleva os níveis de insulina, que leva ao acúmulo de células de gordura.
 
- Precisamos "desadoçar" nossas vidas, tornar o açúcar um prazer, não uma dieta - disse Lustig ao jornal britânico "The Guardian".
 
Não é que ele defenda o fast-food, com pães feitos a partir de carboidratos brancos, refinados. Pelo contrário: estes estariam entre os vilões da alimentação, assim como os refrigerantes.
 
- Além de engordar, são calorias vazias, sem nutrientes - explica Bia, que inclui salgadinhos industrializados e álcool no grupo. - Alguns estudos, no entanto, mostram que uma taça de vinho por dia faz bem para o coração.
 
Mas nem só de frutas e verduras vivemos, e Bia é a primeira a concordar:
 
- Se a pessoa tem uma dieta super saudável, pode reservar em torno de 200 calorias vazias por dia. O problema é que esta margem é pequena mesmo, e geralmente há excessos.
 
Excessos, muitas vezes, nem percebidos, já que Bia alerta para rótulos com informações falsas sobre calorias.
 
- Há dez anos a Anvisa criou a norma, mas não tem como fiscalizar. Então há empresas que a descumprem.
 
Não bastasse isso, um estudo divulgado na "Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics" mostrou que consumidores calculam mal o conteúdo nutricional dos produtos que têm duas ou mais porções por embalagem, mas são consumidos de uma vez.
 
- A embalagem dá o valor nutricional de cinco amendoins, mas ninguém come só isso - afirma Luciana, que também aconselha checarmos a quantidade de sódio dos produtos.
 
Ano passado, a Anvisa obrigou indústrias a reduzir o sal, além de tornar mais rígidas as regras para termos como "light", "baixo", "rico" e "não contém".
 
Grupos de alimentos
 
Os vilões
 
Engordam e não têm nenhum valor nutritivo. Poderiam ser retirados da dieta. No topo da lista, estão os salgadinhos industrializados, biscoitos doces, bebidas alcoólicas, e refrigerantes. Pães de farinha de trigo refinada poderiam ser substituídos pelos integrais, absorvidos mais lentamente, engordando menos. A gordura saturada da carne vermelha também é maléfica, melhor não passar de duas porções por semana e evitar a gordura da picanha, torresmo e bacon.
 
Engordam, mas fazem bem
 
Não é para abusar. Mas os chocolates com mais de 80% de cacau são ricos em flavonoides, benéficos para o coração, e fonte de energia. O açaí tem propriedades antioxidantes. As castanhas e as frutas secas têm uma série de benefícios, entre eles, para o coração. O suco de laranja e de uva (de garrafa) são calóricos, mas compensam em nutrientes.
 
Os falsos inocentes
 
Muitas das barrinhas de cereais têm, no fim das contas, pouco cereal e muito açúcar. Sucos industrializados também. Os produtos diet e light são compostos de adoçante, que aumenta absorção de calorias, e outros produtos químicos.
 
"Precisamos 'desadoçar' nossas vidas, tornar o açúcar um prazer, não uma dieta"
 
Robert Lusting
 
Pediatra
 

Fonte: O Globo



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