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A anatomia da saúde mental

10 de março de 2013
 
Com o avanço técnico, o percurso das doenças que afetam o cérebro começa a ser desvendado pela ciência
 
Por Gláucia Chaves
 
Na maioria dos casos, uma pessoa que sofre de algum tipo de transtorno mental não precisa que ninguém diga que ela é diferente. Em um determinado período da vida, esse indivíduo percebe que seus pensamentos, ações, anseios e reações não condizem com o considerado "normal". Além dessas diferenças facilmente observáveis, a ciência acumula inúmeros estudos a respeito do cérebro desequilibrado. O objetivo é entender e identificar exatamente em que ponto os mecanismos estão fora de controle, bem como mapear sintomas e comportamentos característicos de cada patologia. O que há de errado com a mente desses pacientes? Essa é a pergunta que a Revista, com a ajuda de especialistas, tenta responder nas linhas seguintes.
 
O cérebro doente apresenta alterações bioquímicas específicas, que variam dependendo do tipo de problema. Tiago da Silva Freitas, especialista em neurocirurgia funcional e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Neuromodulação, diz que tais alterações já podem ser vistas por meio de exames de neuroimagem. O médico explica que, no cérebro humano, há um circuito associado ao humor e ao comportamento. Com as análises, os especialistas são capazes de medir a atividade cerebral do paciente. "Esses exames mostram que algumas áreas do cérebro desses pacientes são desreguladas", detalha Freitas.
 
As estruturas cerebrais relativas ao humor estão localizadas na região frontal do cérebro. "É um circuito em que o neurônio sai do córtex, vai para as estruturas profundas do cérebro, processa a informação, volta para o córtex e desce para a medula, em um loop", explica Tiago Freitas. Em portadores de distúrbios psíquicos, esse circuito (chamado de córtico-talamo-cortical) está comprometido em algum nível. "Determinadas áreas funcionam demais enquanto outras, de menos", aponta. Medicamentos como a fluoxetina, usada em pacientes com depressão, são uma tentativa de balancear os neurotransmissores desregulados.
 
Com base no quadro bioquímico dos pacientes, os médicos podem optar pela melhor forma de tratamento. Os dois exames mais difundidos para o diagnóstico de anomalias da mente são a tomografia por emissão de fótons (Spect) e a tomografia por emissão de pósitrons (PET). O objetivo de ambos é medir a quantidade de sangue circulante no cérebro, o que permite avaliar a qualidade do metabolismo cerebral. A ciência, porém, dispõe de outras ferramentas. Uma delas é a cintilografia de perfusão cerebral. Roberto Jales, médico da Clínica Nuclear de Natal e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, explica que o procedimento foi criado por Ismael Mena, profissional da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Os estudos começaram na década de 1980. "Na época, já se sabia, pelas ressonâncias e tomografias, que o cérebro desses pacientes podia ser anatomicamente normal", esclarece. "Logo, a alteração tinha que ser funcional."
 
Ismael Mena especulava que o portador de transtorno mental seria como o paciente de hipotireoidismo - incapaz de produzir hormônio apesar de ter a glândula. O médico americano, então, selecionou 300 pacientes esquizofrênicos, 300 bipolares e mais 300 com transtornos diversos. Ele sintetizou uma substância específica e a injetou no cérebro dos pacientes sabidamente doentes. A partir dos resultados, Mena montou um padrão de imagens para cada doença, catalogando-as em um imenso banco de dados. "A única pessoa no Brasil que tem esse banco de dados sou eu", garante Roberto Jales.
 
O médico explica que esse mapeamento é importante, pois cada doença apresenta um padrão único. Quando há dúvidas sobre o diagnóstico do paciente, o psiquiatra confronta os padrões. "Não é como um tumor cerebral, que a imagem é igual para todo mundo", compara. Depois que o exame é feito, os resultados são encaminhados para o próprio Mena, na Califórnia, que os envia de volta, com os devidos ajustes. A partir daí, é emitido um laudo. "Informamos o paciente que o quadro dele se comportou de acordo com um determinado grupo específico de transtornos, mas, ainda assim, não dá para saber exatamente qual doença ele tem." Um paciente esquizofrênico pode apresentar um resultado de imagem semelhante ao de um bipolar em estado de euforia, por exemplo.
 
Doenças e sintomas Depressão O que é:
 
Distúrbio afetivo em que a pessoa apresenta tristeza profunda, baixa autoestima e pessimismo.
 
Sintomas:
 
Irritabilidade, ansiedade, angústia e humor depressivo Desânimo, cansaço com facilidade necessidade de mais esforço para realizar atividades corriqueiras Dificuldade em se sentir realizado ao fazer atividades que antes eram prazerosas Falta de vontade, indecisão Medo, insegurança, sentimento de vazio e pessimismo frequente Sensação de falta de sentido na vida, inutilidade, ruína, fracasso, doença ou morte Interpretação distorcida e negativa da realidade Dificuldade de concentração Diminuição do desempenho sexual Perda ou aumento do apetite e do peso Insônia Dores e outros sintomas físicos não justificados por problemas médicos.
 
Transtorno bipolar O que é:
 
Distúrbio em que o indivíduo apresenta oscilações abruptas de humor, alternando estados de depressão e de excitação. A pessoa não fica sempre necessariamente feliz. O estado de euforia pode se caracterizar também por inquietude, irritação e agonia.
 
Sintomas:
 
Na fase de mania: o paciente se apresenta irritável, eufórico e expansivo. Há alterações emocionais súbitas, imprevisíveis, seguidas de fala muito rápida e com mudanças frequentes de assunto. Reação inapropriada a acontecimentos e interpretações equivocadas são comuns. A autoestima fica elevada ao extremo, e a pessoa se sente mais poderosa que os outros ao redor. O apetite sexual aumenta, bem como o comportamento desinibido. O indivíduo culpa o outro pelo que acha errado e há perda da noção da realidade. Na fase depressiva: tristeza e desespero. Perda da autoestima, obsessão com pensamentos negativos. Perda de interesse por atividades corriqueiras, como trabalho e hobbies. Agitação, inquietação, alterações de peso e de apetite e diminuição do desejo sexual. Alterações no sono (insônia ou sono em excesso), choro fácil, isolamento, ideias de morte ou suicídio, abuso de álcool.
 
Esquizofrenia O que é:
 
Doença psiquiátrica que se caracteriza pela perda do contato com a realidade.
 
Sintomas:
 
Delírios e alucinações Delírios persecutórios: o paciente acha que é observado e que tramam algo contra ele Há alucinações sonoras, em que o paciente escuta vozes que, geralmente, atribui a seus perseguidores. Por vezes, essas vozes dão comandos Diminuição dos impulsos e da vontade Incapacidade de se integrar ao ambiente Dificuldade de sentir alegria ou tristeza condizente com a realidade.
 
Transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo O que é:
 
Transtorno de personalidade em que o indivíduo apresenta intensa preocupação com a organização, o perfeccionismo e o controle mental. Querem ter a sensação de controle por meio de regras excessivamente delimitadas, atenção a detalhes triviais, procedimentos e horários.
 
Sintomas:
 
Cautela extrema com detalhes Perfeccionismo em excesso Excessiva dedicação ao trabalho e à produtividade, deixando lazer, família e amizades em segundo plano Intransigência com relação a questões morais Incapacidade de descartar objetos inúteis ou usados, mesmo que não tenham valor sentimental Aversão a delegar tarefas ou trabalhar com outras pessoas
 
Transtorno de personalidade borderline O que é:
 
Caracteriza-se por instabilidade emocional, desregulação afetiva, angústia e abandono. São as pessoas "8 ou 80", que acreditam que tudo se resume a bom ou ruim.
 
Sintomas:
 
Medo de rejeição e abandono Autoimagem ou sentimento de self acentuado e persistentemente instável Sentimento de vazio Impulsividade Instabilidade de humor e dificuldade para controlar a raiva Acentuada reatividade do humor, como irritabilidade e ansiedade Ficam entediados facilmente
 
Fontes: Ministério da Saúde; Centro de Estudos em Psicologia e Associação de Apoio aos Depressivos e Bipolares
 
Fonte: Correio Braziliense


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