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Um solo pobre e um pobre povo

18 de dezembro de 2012
 
PEDRO VALLS FEU ROSA, Presidente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo
 
A América Latina é riquíssima, mas seu povo é pobre. A África é riquíssima, mas seu povo é pobre. O sul da Ásia é riquíssimo, mas seu povo é pobre. O que há de comum entre estas três regiões? A linha do Equador.
 
E o que tem o Equador a ver com a pobreza? Muito. De acordo com diversos estudos da Organização das Nações Unidas (ONU), o solo das regiões equatoriais é pobre em nutrientes essenciais à saúde, tais como selênio, zinco, cálcio, ferro, magnésio etc. Esta deficiência influencia toda a cadeia alimentar, ou seja, nossos alimentos têm menos nutrientes do que deveriam. Por causa disso, um brasileiro médio não supre sequer um terço das necessidades mínimas recomendadas de vitaminas e sais minerais, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
 
Aos números: consumimos, diariamente, 0,83 mg de ferro (o mínimo recomendado é 10 mg), 45 mg de magnésio (o mínimo é 270 mg), 8,01 mg de zinco (o mínimo é 15 mg) e 75mg de cálcio (o mínimo é 800 mg). Nas vitaminas encontrou-se uma deficiência de 78,59% de vitamina A, 22,24% de vitamina B1, 67,82% de vitamina B2, 65,86% de vitamina B6, 27,26% de vitamina B12 e 52,13% de niacina.
 
Este quadro dramático explica algumas doenças que afligem o povo brasileiro.
 
Não por acaso, o Brasil é o país com a maior quantidade de farmácias do mundo, com mais de 50 mil estabelecimentos instalados. Segundo a Sociedade Brasileira de Nutrição, 48% dos pacientes internados nos nossos hospitais são desnutridos.
 
Além de doenças, a carência de vitaminas e sais minerais acarreta a redução da expectativa de vida e dos anos produtivos, e queda de frequência e aproveitamento no trabalho e na escola - crianças com carência de ferro aprendem apenas 50% do que é ensinado.
 
A Região Sul, cujo solo é mineralizado, tem os maiores índices de produtividade, em contraste com as Regiões Norte e Nordeste. Também, não é coincidência o fato de, no Nordeste, a estatura dos homens ser cinco centímetros menores e a das mulheres seis, quando comparadas com o Sudeste.
 
A boa apresentação do alimento nada tem a ver com sua pobre qualidade em vitaminas e sais minerais - ele pode até ser bonito à mesa, mas é fraco em sua essência. Isto significa que, dadas as características do solo brasileiro, teríamos que comer todos os dias, 1kg de pão, 800g de macarrão, 500g de mandioca, 150g de feijão e 200g de arroz, só para atendermos às recomendações mínimas de vitaminas e sais minerais estabelecidas pela ONU e OMS.
 
Mas o problema tem solução. Um programa de mineralização do solo sério e de longo prazo, e um controle científico dos alimentos vendidos. Um detalhe: em doenças, cada real gasto na prevenção economiza cinco outros em tratamentos. Em nutrição, cada real gasto economizaria 86 outros consumidos em perda de produtividade, doenças, repetências escolares, aposentadorias precoce etc.
 
Estes dados demonstram que muitos brasileiros, africanos e asiáticos não são, nem nunca foram, "preguiçosos" ou "menos inteligentes". Apenas têm sido mal alimentados, afinal, "o homem é aquilo que come" (Feuerbach).
 
Em nutrição, cada real gasto economiza 86 outros consumidos em perda de produtividade, doenças, repetência escolar e aposentadoria precoce
 
 
Fonte: Brasil Econômico


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