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Engenharia genética no sangue

Sangue. Empresa brasileira desenvolve tecnologia para produção de Fator VIII genérico
Cientistas brasileiros desenvolvem um genérico para substância coagulante essencial para pessoas que têm hemofilia
 
Roberta Jansen
 
Enquanto os medicamentos genéricos tradicionais já fazem parte da realidade do país há muitos anos, pouco se fala sobre os genéricos biológicos. As chamadas drogas biológicas, diferente das químicas, reproduzem substâncias produzidas naturalmente pelo organismo, mas que, algumas vezes, precisam ser repostas. É o caso da insulina em diabéticos, por exemplo. Fabricar tais insumos demanda uma tecnologia complexa e cara, dominada por poucos. Agora, no entanto, patentes começam a cair, abrindo caminho para os primeiros genéricos dessa categoria. E o Brasil não quer ficar para trás.
 
Um grupo de cientistas brasileiros se dedica a desenvolver o que pode vir a ser o primeiro genérico biológico nacional. Trata-se do Fator VIII de coagulação do sangue. O organismo humano saudável produz naturalmente a substância, que impede que tenhamos uma hemorragia grave a cada sangramento. Mas não nos hemofílicos. Com essa deficiência crônica, eles precisam de reposição do fator até três vezes por semana para terem uma vida normal.
 
Sem isso, não só se arriscam a sangrar até morrer (se sofrerem algum acidente, por mínimo que seja), como também começam a apresentar deficiências ósseas graves e artrose. É que o sangramento dentro das articulações acaba por corroer as cartilagens e os ossos.
 
Atualmente, essa reposição é feita com Fator VIII obtido a partir do sangue humano, recolhido em hemocentros de todo o país. Trata-se de uma logística complicada separar o plasma, isolar o Fator VIII, purificá-lo. Além disso, a produção está sempre vinculada à quantidade de sangue disponível. Embora a situação esteja agora normalizada, houve uma séria escassez do produto no país até 2009, fazendo com que muitos hemofílicos desenvolvessem deficiências físicas graves, de acordo com a presidente da Federação Brasileira de Hemofilia, Tania Maria Onzi Pietrobelli.
 
Já existe, no entanto, o Fator VIII obtido por meio da engenharia genética, sintetizado em laboratório. Tal tecnologia está nas mãos de poucos laboratórios. A patente, no entanto, caiu no ano passado, instigando os cientistas a buscarem um genérico mais barato. Essa é a meta do grupo nacional que criou a empresa de biotecnologia SPL Evolution, tendo à frente o imunologista e especialista em biologia molecular Luis Roberto Benghi Soares, professor visitante da Universidade de Stanford, nos EUA.
 
- Dando tudo certo, podemos estar com o produto pronto, no mercado, em dois anos - afirmou Soares. - Os ensaios já feitos em animais mostraram que a substância é exatamente idêntica à natural.
 
Para produzir o Fator VIII fora do organismo humano, os cientistas usam uma plataforma bastante conhecida da indústria farmacêutica: células de hamster. A partir de uma nova tecnologia, desenvolvida pelo grupo, são reproduzidas, nas células, as condições naturalmente encontradas no organismo humano para a síntese do Fator VIII. O resultado é uma substância idêntica à natural, de acordo com os especialistas brasileiros.
 
- O que é codificado é o genoma natural - explica Soares. - Chamamos de sintético apenas porque a síntese é feita em um outro sistema, mais simples, no qual construímos uma estrutura necessária para que ele faça o trabalho. Mas isso é completamente diferente da síntese química.
 
Os testes em seres humanos estão previstos para terem início dentro de um ano e serão realizados em parceria com o Instituto de Tecnologia do Paraná, o braço da Fiocruz no estado. A ideia é que, no futuro, o instituto abrace também a produção do genérico. A SPL quer registrar a nova tecnologia em parceria com os produtores, barateando ainda mais o produto final. Atualmente, o governo gasta US$ 100 milhões ao ano com o Fator VIII. O uso do genérico poderia reduzir esse gasto em até 50%, segundo estimativa dos produtores.
 
Também está pronta para iniciar a fase clínica dos testes a cola cirúrgica de fibrina recombinante, uma substância capaz de acelerar a cicatrização e que, tradicionalmente, também é obtida pelo processamento do plasma sanguíneo. Pouquíssimos hospitais hoje usam a cola - cujo mililitro pode chegar a custar R$ 1.000 -, que poderia reduzir em muito o tempo e os custos de internação.
 
Também estão ainda em fase de desenvolvimento uma insulina recombinante para diabéticos, uma vacina contra a febre aftosa e anticorpos monoclonais, usados no tratamento de linfomas.
 
Fonte: O Globo


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