Grevistas aguardam fim de reunião entre governo e professores em Brasília, anteontem.
NATUZA NERY
O Palácio do Planalto decidiu jogar duro para tentar desencorajar a onda grevista no funcionalismo federal.
O governo deve publicar hoje decreto definindo garantias mínimas de atendimento em diversos setores do serviço público onde haja operação padrão ou paralisações.
O decreto atinge, ao menos, ANVISA, Receita Federal e defesa agropecuária, áreas consideradas essenciais ao comércio exterior.
O Executivo se assustou com dados que mostram que a greve na ANVISA e a operação-padrão na Receita já prejudicam a movimentação de cargas nos portos brasileiros.
Para garantir o atendimento mínimo, o decreto autoriza os ministérios a firmar convênios com Estados e municípios para viabilizar os serviços nesses setores.
A medida foi definida em reunião da presidente Dilma Rousseff com os ministros da Fazenda, Agricultura, Saúde, entre outros. Após o encontro, ela embarcou em viagem oficial a Londres.
Grande parte da ANVISA está parada desde 16 de julho. Nenhuma mercadoria pode entrar num porto nacional sem autorização do órgão.
Na Receita, a operação-padrão já dura 38 dias.
A medida dá poderes aos ministros para delegar a Estados e municípios o atendimento à população e a prestação de serviços considerados indispensáveis.
Na prática, o Ministério da Agricultura pode delegar que funcionários de outras esferas atuem na área de defesa animal, uma forma de amenizar a falta de servidores.
Na segunda-feira, a Justiça Federal determinou que a Anvisa volte a emitir os certificados que permitem o embarque e desembarque de mercadorias no porto de Paranaguá (PR), um dos mais importantes do país.
Com a iniciativa, o Executivo passa o recado de que não só não pretende ceder às pressões de algumas categorias como fará pressão cada vez maior pelo fim da greve. Nos bastidores, diz-se que esse é o "estilo Dilma" de administrar a primeira grande greve de seu mandato.
Ontem, o governo cortou o ponto de servidores federais que estão em greve.