O Ministério da Saúde anunciou ontem que o número de transplantes realizados no país mais que dobrou de 2001 para 2011. No ano passado, foram realizadas 23.397 cirurgias. Há 10 anos, o número chegava a 10.428 . Os dados também mostram que houve uma descentralização dos implantes, que foram intensificados nas regiões Norte e Nordeste. A participação nos procedimentos nessas áreas era de 5% em 2004, hoje chega a 30%.
Embora tenha comemorado que o país ultrapassou a meta estabelecida para 2011 de 10 transplantes para cada milhão de pessoas - o valor chegou a 11,47, o ministro Alexandre Padilha estima que o índice chegue a 15 em 2015. Para isso, prometeu investir na qualificação da rede. No ano passado, o setor de transplantes teve um orçamento de R$ 1,3 bilhão. Com a perspectiva de ver essa rubrica aumentar 10%, o foco será voltado para o aumento de Organizações de Captação de Órgãos (Opos) e para a capacitação profissional. "Por um lado, vamos buscar ampliar (os procedimentos), mas, por outro, o conjunto da rede tem que se qualificar", pontuou.
O aumento da expectativa de vida e a redução de mortes violentas levam o ministério a se preparar para enfrentar uma maior demanda de órgãos. De acordo com o coordenador estratégico do Conselho Técnico do Comitê Estratégico para Desenvolvimento de Equipes de Captação de Órgãos e Transplantes do ministério, Silvano Raia, uma das estratégias é investir no estudo da medicina regenerativa. "Os órgãos são formados com o próprio tecido do paciente e não têm nenhum risco de rejeição", explica.
A preocupação em investir na área também se encaixa ao aproveitamento dos órgãos. Segundo a Associação Médica Brasileira, 18% dos órgãos disponíveis para transplante são perdidos por mal armazenamento. De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), José Medina, a média mundial gira em torno de 20%. Corações e pulmões são os órgãos mais sensíveis.