Endereço: Rua José Antônio Marinho, 450
Barão Geraldo - Campinas, São Paulo - Brasil
Cep: 13084-783
Fone: +55 19 3289-5751
Email: idisa@idisa.org.br
Adicionar aos Favoritos | Indique esta Página

Entrar agora no IDISA online

Pacientes com AIDS sofrem com a falta de exame

Problema na licitação deixou estados sem kit de carga viral; ministério diz que situação se normaliza esta semana.
 
Por Carolina Benevides e Letícia Lins
 
RIO e RECIFE. Portador do vírus HIV há dois anos, Carlos, de 40, tentou em abril fazer um exame essencial para todos os soropositivos e que determina a quantidade de vírus no organismo. Morador de Recife, ele se trata no Hospital Osvaldo Cruz, mas não pôde realizar o procedimento, que, aliado a outros exames, determina quando o paciente deve começar ou mudar o tratamento. Pela falta do kit de carga viral em vários estados do país, o exame de Carlos foi remarcado para quatro meses depois.
 
- É uma situação horrível. A médica que me atende é excelente, mas fica sem saber o que fazer. Estou muito preocupado, porque normalmente a entrega dos resultados já demora mais de um mês, e eu devia ter feito o exame em abril - conta Carlos, que, por conta da doença, já contraiu toxoplasmose, perdeu a visão de um olho e acabou tendo que parar de trabalhar.
 
Propagado como o país que tem um dos melhores tratamentos de Aids, o Brasil passa, segundo os pacientes soropositivos, por uma crise. Ano passado, o medicamento Abacavir - prescrito para os casos mais graves - faltou em todo o país e houve relatos da carência de Lamivudina em algumas regiões. Agora, a falta de kits para quantificação de carga viral do HIV é um novo capítulo nos problemas que eles vêm enfrentando.
 
- É um exame que não pode faltar. Há quem precise fazer até três por ano, isso depende do paciente. Mas todo mundo que recebe o diagnóstico precisa desse monitoramento - diz Veriano Terto, coordenador-geral da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia). - No Rio, a gente começou a identificar a falta do kit no final de junho. Em março, tivemos falta do remédio Atazanavir em alguns estados. O que nos preocupa é que são problemas de gestão que afetam o programa de Aids, que de 2010 para cá tem apresentado falhas repetitivas.
 
O Ministério da Saúde reconheceu a falta do kit e o estoque reduzido e em 12 de julho assinou a nota técnica nº 197/2011. A nota determina quem deveria ter prioridade e explica que em maio de 2010 foi aberto processo licitatório para a compra e implementação da nova metodologia de quantificação da carga viral, mas que empresas que participaram do processo impugnaram a licitação.
 
Na época, o ministério determinou, por exemplo, que o exame fosse realizado por determinados grupos, incluindo gestantes e crianças de até 4 anos, e que quem não estivesse nesses grupos tivesse amostra de sangue coletada e congelada para ser processada quanto o estoque fosse restabelecido.
 
- A impugnação da licitação atrapalhou o processo de compra, e há três meses vimos que teríamos maiores problemas. Divulgamos a nota técnica, depois o ministro (Alexandre Padilha) chegou a dizer que tudo estaria regularizado até o fim de agosto, mas conseguimos antecipar e a rede estará abastecida a partir de segunda (amanhã) - diz Eduardo Barbosa, diretor-adjunto do departamento DST, Aids e Hepatites Virais, lembrando que a falta do exame não prejudica o programa brasileiro: - A epidemia está estabilizada, temos 210 mil em tratamento, que fazem exame de carga viral duas vezes ao ano. Mas é claro que o usuário não tem que entender problema de licitação, de distribuição. Tem que ser atendido.
 
- O fato da gente ter resultado positivo no tratamento tem tido dois lados: as pessoas têm melhor quantidade e qualidade de vida. Mas tem feito com o que o programa não tenha a importância devida, e isso pode levar a um retrocesso - diz Cristina Moreira, coordenadora de projetos da Viva Cazuza. - A falta dos kits pode ter prejudicado a adesão de alguns pacientes ao tratamento. Já é complicado aderir, aí a pessoa fica sem o resultado e pode parar de tomar o remédio. Ficar sem fazer exame ou sem medicamento também gera estresse, e já é sabido que os pacientes têm o sistema imunológico afetado por conta do estado psicológico.
 
Fonte: O Globo


Meus Dados

Dados do Amigo

Copyright © . IDISA . Desenvolvido por W2F Publicidade