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Com AVC não se brinca

29 de outubro de 2014
 
Por não saber que tinha um problema genético incompatível com o uso de anticoncepcionais, Izabela Matos foi vítima de AVC aos 24 anos
 
Médicos aproveitam o Dia Mundial de Combate ao Acidente Vascular Cerebral para alertar sobre a importância de um atendimento assim que os primeiros sintomas se manifestam. Uma ação imediata aumenta as chances de salvar a vida dos pacientes
 
» Paula Takahashi
 
Belo Horizonte -- Apesar de integrar a lista de doenças vasculares, as que mais matam no Brasil, o acidente vascular cerebral (AVC), popularmente chamado de derrame, é ainda um desconhecido da população. Tira a vida de pelo menos 100 mil brasileiros todos os anos, mas apenas uma em cada 10 pessoas conhece os sintomas e é capaz de identificá-los (veja quadro).
 
Mais alarmante ainda é o fato de o atendimento só ser realmente eficiente se for realizado até quatro horas e meia depois dos primeiros sinais, uma janela terapêutica curta para uma enfermidade que os pacientes ignoram e que até os médicos têm dificuldades de diagnosticar.
 
No Dia Mundial de Combate ao AVC, realizado hoje, o grande desafio é dar à doença a visibilidade e a importância que merece, considerando ainda o forte impacto socioeconômico que gera em pessoas que sobrevivem a um episódio, sendo uma das principais causas de incapacidade em adultos. "Estima-se que 25% dos pacientes ficam curados. Outros 25% saem com incapacidades importantes, como dificuldade para andar e comer. Mais 25% terminam completamente dependentes, e o restante acaba morrendo. São percentuais que comprovam um custo social muito grande", afirma Octavio Marques Pontes Neto, neurologista e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, e presidente da ONG Rede Brasil AVC.
As consequências devastadoras podem ser causadas pela interrupção do fluxo de sangue nas artérias do sistema nervoso central, normalmente provocada por um coágulo. Chamado de AVC isquêmico, essa versão é a mais comum e diagnosticada em 85% dos casos. A outra possibilidade é o AVC hemorrágico, situação mais rara e mais grave, em que ocorre a ruptura de uma artéria ou vaso sanguíneo.
Prevenção
Uma das principais armas contra a doença é a prevenção. Controlar a pressão arterial, a fibrilação arterial, diabetes, colesterol, doença de Chagas e evitar o tabagismo e o sedentarismo são algumas das recomendações. Fernando Carvalho Neuenschwander, cardiologista e coordenador do Serviço de Emergência Cardiovascular do Hospital Vera Cruz, alerta que um terço dos AVCs é proveniente das arritmias. "Mas, hoje, somente 25% dos pacientes que têm a fibrilação arterial são tratados de forma adequada", alerta. Segundo Octavio, medidas preventivas como as citadas podem reduzir em até 80% as chances de a pessoa ter AVC. "Os demais fatores de risco seriam a genética e a idade", detalha.
 
Para as mulheres, as orientações se estendem ao uso de anticoncepcionais e à reposição hormonal depois da menopausa. Ambos têm sido relacionados a um aumento de risco para doenças cardiovasculares em geral, incluindo o AVC. A auxiliar de departamento pessoal Izabela Matos, 25 anos, soube disso tarde demais. Aos 24, ela teve um derrame e só depois foi informada de que carregava uma falha genética que a impediria de tomar qualquer hormônio. "Essa falha me coloca no grupo com probabilidade de ter problemas vasculares. O AVC talvez pudesse ter sido evitado com teste de coagulação do sangue", conta.
 
Em fase de recuperação das sequelas, ela conta que é preciso ouvir o corpo. "Comecei a sentir um formigamento na mão esquerda e no braço e uma fraqueza muscular que me impedia de segurar as coisas", lembra. Por acreditar que se tratava apenas de cansaço, resolveu ir ao médico apenas seis horas depois de os primeiros sinais surgirem. O cardiologista Fernando Neuenschwander lembra que, como ocorreu com Izabela, a doença pode se manifestar de maneira sutil, repentinamente e muitas vezes é confundida com um mal-estar. "Com isso, perde-se tempo", reconhece. A orientação é que, identificados os primeiros sintomas, a pessoa seja encaminhada rapidamente para um hospital que, de preferência, tenha uma unidade especializada em atendimento a pacientes com AVC.
 
A luta contra o tempo é inglória para as vítimas da doença. "Apenas 3% a 4% dos casos chegam dentro da janela terapêutica de quatro horas e meia", constata Romeu Sant’Anna, coordenador do serviço de neurologia e da Unidade de AVC do Hospital Risoleta Neves, uma das únicas alternativas públicas de atendimento especializado à doença em Minas Gerais.
 
Dentro desse intervalo, é aplicado um trombolítico para desfazer o coágulo e normalizar o fluxo sanguíneo. Se ministrado dentro do prazo, aumentam em 30% as chances de evitar as sequelas. "Na primeira hora, a cada duas pessoas, uma melhora e não tem complicações. Mas a partir de três horas, essa proporção já cai para um caso de melhora acentuada para 14 pacientes", explica Octavio. Fechada a janela terapêutica, o trombolítico tem seus benefícios reduzidos. A partir daí, outras alternativas terapêuticas podem ser usadas, como o cateterismo.
 
Evolução
 
Os vários anos de descaso em relação ao AVC são uma das principais justificativas para que ele ainda figure entre os males mais letais no país, enquanto nos Estados Unidos já está na quarta colocação entre os que mais matam. "Isso vem mudando de seis anos para cá", observa Octavio Marques Pontes Neto, neurologista e professor da USP. Os dois grandes marcos na evolução do tratamento vieram em 2012, com a publicação de duas importantes portarias do Ministério da Saúde. "Uma delas estabeleceu protocolo para tratamento trombolítico, e a outra fixou a linha de cuidados para pacientes com AVC e criou ainda a remuneração de hospitais da rede pública que atendem pacientes com a doença", detalha.
 
 Apesar de a implantação dos protocolos caminhar lentamente, o Ministério da Saúde prevê repasse de R$ 435 milhões para os 33 serviços hospitalares habilitados a prestar atendimento de urgência para AVC no Brasil. "Os hospitais de referência diferem dos demais por possuiírem equipes com protocolos bem definidos para atendimento de pacientes em fase aguda. Disponibilizam ainda as melhores terapias, além de equipes com profissionais de diversas áreas médicas e não médicas, como terapeuta, nutricionista e psicólogo", detalha Romeu Sant’Anna, coordenador do Serviço de Neurologia e da Unidade de AVC do Hospital Risoleta Neves, em Belo Horizonte.
 
Sinais de alerta
 
Veja quais são os sintomas apresentados por uma pessoa que sofre um AVC e exigem cuidados imediatos: Acidente vascular isquêmico (artéria obstruída) - perda repentina da força muscular e/ou da visão; - dificuldade de comunicação oral; - tonturas; - formigamento em um dos lados do corpo; - alterações da memória.
 
Acidente vascular hemorrágico (artéria rompida) - dor de cabeça; - edema cerebral; - aumento da pressão intracraniana; - náuseas e vômitos; - deficit neurológico semelhante ao provocado pelo acidente vascular isquêmico.

Fonte: Saúde na Mídia 



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