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Exportação de tabaco nacional despenca

28 de julho de 2014
 
Por Sérgio Ruck Bueno e Diogo Martins | De Porto Alegre e do Rio
 
Comércio No semestre, embarque recuou 35%, reflexo de menos demanda, câmbio e avanço de cigarro eletrônico
 
Depois de recuar 1,7% em volume e crescer apenas 0,4% em valor no ano passado, para 627,2 mil toneladas e US$ 3,272 bilhões, respectivamente, as exportações brasileiras de tabaco despencaram no primeiro semestre deste ano. Com a redução da demanda global e o aumento da concorrência, os embarques caíram 35% em valor, para US$ 852,7 milhões, e 35,6% em volume, para 170 mil toneladas, no acumulado de janeiro a junho em comparação com o mesmo período de 2013, segundo o Sindicato Interestadual da Indústria de Tabaco (Sinditabaco).
 
De acordo com o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Werner, a queda das exportações está associada à menor demanda pela matéria-prima em função da redução do consumo mundial de cigarros de 6,4 trilhões para 6,2 trilhões de unidades entre 2012 e 2013. A diferença corresponde a 2,5 vezes o consumo anual de cigarros legais no Brasil, que chega a 80 bilhões de unidades.
 
Nos últimos anos o cigarro eletrônico também passou a fazer parte das preocupações do setor. Conforme Werner, o consumo do produto no mundo avançou de US$ 1,8 bilhão para US$ 2,5 bilhões entre 2012 e 2013, o equivalente a 75% das exportações brasileiras de tabaco. Quase metade das vendas concentra-se nos Estados Unidos, enquanto a China consome algo como US$ 100 milhões por ano. Não há uma estimativa sobre o impacto efetivo desse avanço sobre as vendas de cigarros convencionais.
 
O presidente do Sinditabaco, que reúne empresas como Souza Cruz, Philip Morris, Universal Leaf Tabacos e Alliance One, Iro Schünke, diz que a valorização do real nos últimos meses também tornou o produto brasileiro mais caro no mercado internacional. Ao mesmo tempo, há um forte aumento da produção na África, tradicional concorrente do Brasil no setor, onde os custos de produção são menores, explica o dirigente.
 
No Zimbábue, por exemplo, a produção passou de 170 mil para mais de 220 mil toneladas de 2013 para 2014 e lá o preço médio pago ao produtor está na faixa de US$ 3,17 por quilo, diz o dirigente. Já no Brasil, a variedade virgínia, que representa cerca de 85% da produção local, custa cerca de US$ 3,55 para a indústria pelo câmbio atual. Também há expansão acentuada da safra em outros países africanos como Tanzânia, Moçambique e Malawi, acrescenta Werner.
 
Conforme o presidente da Afubra, o problema é que a queda das exportações, que absorvem entre 85% e 88% da produção brasileira, provocou uma desaceleração dos reajustes dos preços médios pagos aos fumicultores. O aumento nesta safra foi de apenas 5,4% em comparação com a anterior na variedade virgínia, para R$ 7,92 o quilo, em média. A alta perdeu para a inflação nos últimos 12 meses e ficou muito abaixo do reajuste de 17,9% praticado na passagem de 2011/12 para 2012/13.
 
Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preço ao Produtor (IPP) do fumo vem em queda há três meses e nos 12 meses encerrados em maio a alta ficou em 9,65%, abaixo dos 11,51% acumulados também em 12 meses até abril. Mesmo assim, conforme o IBGE, o plantio de fumo segue como melhor alternativa para os pequenos agricultores, já que proporciona uma rentabilidade média de R$ 1,5 mil por hectare, o dobro de culturas como arroz ou feijão.
 
Nas contas da Afubra, os produtores tiveram uma redução de 36% no lucro obtido por hectare de fumo virgínia de 2012/13 para 2013/14, para pouco mais de R$ 2 mil. Mesmo assim, o ganho efetivo para os fumicultores pode chegar a R$ 11 mil por hectare, porque 56% do custo de produção, estimado em R$ 14,1 mil/ha, corresponde à mão de obra na lavoura, que em geral é familiar, e mais R$ 1,2 mil/ha equivalem ao consumo de lenha produzida na propriedade para secagem das folhas de fumo.
 
Agora a estratégia dos produtores, orientados pela Afubra e por entidades como as Federações de Trabalhadores Rurais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, será a de reduzir em 12% a área com o fumo virgínia e em 22% as lavouras da variedade burley no plantio da safra 2014/15, que iniciou em junho e termina em outubro. Conforme Werner, será uma tentativa de dosar a oferta para recuperar preços sem abrir muito espaço para os concorrentes africanos.
 
Na safra 2013/14, que está com a comercialização em fase final, a previsão da Afubra é que a área plantada total já tenha recuado 0,7% no Brasil, para 328,5 mil hectares, e 1,4% nos três Estados da região Sul, para 309,3 mil hectares. Para a produção, a estimativa é de queda de 0,8% no Brasil (para 725,2 mil toneladas) e 1% no Sul (para 705,6 mil toneladas).
 
Lavoura de fumo no RS: nas contas da Afubra, lucro do produtor recuou 36%
 
Fonte: Valor Econômico


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