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Controverso trabalho

15 de julho de 2014
 
Apontado como um dos principais desencadeadores de distúrbios psicológicos, o escritório pode se tornar um espaço decisivo de combate à depressão, indica estudo australiano
 
Levando em conta um expediente tradicional, de oito horas, um terço do ano é reservado ao trabalho. Sem contar as facilidades tecnológicas que nos levam virtualmente ao escritório. Com tanto tempo assim de dedicação, é recomendável que uma das atividades que mais demandam a energia humana faça bem. Na prática, porém, ela causa cada vez mais complicações à saúde, principalmente a mental. Após entrevistar 2 mil pessoas, a entidade beneficente britânica Mind constatou que mais de um terço dos participantes apontavam o trabalho como o aspecto mais estressante, acima de preocupações com dinheiro e saúde, por exemplo (leia Para saber mais).
 
Dentro desse quadro, um estudo publicado na BMC Medicine e feito por Sam Harvey, consultor psiquiatra e chefe do Programa de Pesquisa em Saúde Mental no Trabalho na Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, indica que locais de atuação profissional são estratégicos para basear a educação em saúde mental e programas de prevenção à depressão justamente pelo fato de as pessoas ocuparem 60% das horas de vigília neles.
 
Inspirado nesse potencial, o servidor público do Senado Federal Deomar Rosado, 58 anos, se tornou um dos líderes pioneiros do grupo De bike ao Senado, que incentiva os funcionários a irem de bicicleta ao serviço. "Além de fazer o exercício físico, a atitude evita o estresse, o congestionamento e economiza tempo na hora de estacionar", relata.
 
O projeto de mobilidade começou no dia internacional da saúde, em 7 de abril, quando um grupo de servidores reivindicou locais para estacionar as bicicletas e vestiários para tomar banho. De acordo com Deomar, a administração do serviço aceitou os pedidos muito bem. Os argumentos são fortes e claros: além de fazer bem ao planeta, trocar o meio de transporte melhora o humor das pessoas e, de quebra , o ambiente em que elas trabalham. "É desestressante e prazeroso."
 
No estudo de Harvey, não foi possível determinar quais as intervenções indicadas para serem desenvolvidos no ambiente do trabalho são mais eficazes. O pesquisador, porém, listou diversas técnicas, como ensinar os trabalhadores, em grupos ou individualmente, a entender melhor as emoções, os pensamentos e os comportamentos nas situações potencialmente estressantes e, com isso, se adaptar à situação perigosa.
 
Depressão
 
Investidas como essa podem proteger os funcionários de um dos maiores riscos à saúde da atualidade: a depressão. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o problema representa a segunda causa de incapacidade no trabalho no planeta, e a projeção é que, até 2020, passe a liderar a lista.
 
No Brasil, segundo a Previdência Social, os transtornos mentais perdem apenas para doenças osteomusculares, como artroses e artrites, e as lesões por causas externas quando o assunto é afastamento de profissionais. No ano passado, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contabilizou 61.044 afastamentos em decorrência apenas da depressão.
 
A psicóloga Lorena Noronha ressalta que é impossível ignorar os efeitos do trabalho sobre a saúde física e mental. Boa parte das consequências está na forma como a atividade é encarada pelos profissionais: como um sacrifício ou um desafio. No primeiro caso, pode adoecer. No segundo, somado a um ambiente adequado, em que haja possibilidade de crescimento, vira um espaço de crescimento e bem-estar.
 
Jussara Moraes optou pela ótica positiva mesmo lutando há 13 anos contra a depressão. Apesar de não estar livre dos remédios, há um ano, encontrou forças para levantar da cama e retomar uma rotina profissional. "Trabalho como freelancer na área de marketing. Isso ajuda a me sentir valorizada", comemora a publicitária.
 
O clima de otimismo se repete dentro de casa, com a ajuda do marido e dos dois filhos. Eles dividem as tarefas domésticas e Jussara costumar chegar em casa do trabalho e encontrar tudo pronto. O próximo passo será voltar a receber os amigos. "Antes de adoecer, eu gostava de fazer muita festa e chamá-los. Depois de um tempo, isso não satisfazia minha alegria e eu me sentia mais triste por ter uma tristeza sem motivo aparente."
 
A psicóloga Clarissa Bonatti ressalta que o trabalho também deixa de ser saudável no momento em que não há um equilíbrio entre a esfera profissional e outras da vida de um indivíduo, como relacionamentos familiares, afetivos, cuidados com a saúde e espiritualidade. Para superar essas dificuldades, a especialista sugere a mudança de emprego se possível ou a adoção de estratégias que amenizem a situação. "Um motorista guiando um ônibus em um trajeto altamente engarrafado pode adotar o método de cantar, rir e conversar com os passageiros, por exemplo", ilustra.
  
Para saber mais  
 
Impulso para as drogas  
 
A pressão gerada pela atividade profissional favorece a depressão e pode levar ao abuso no consumo de álcool e de outras drogas. O trabalho foi desenvolvido pela entidade britânica Mind e publicado no jornal britânico Daily Mail. Durante o estudo, os pesquisadores entrevistaram 2 mil pessoas com 18 a 40 anos. Mais de 650 apontaram o trabalho como o aspecto mais estressante, e 180 relataram ter pedido demissão em algum momento da vida em decorrência do estresse. Quinhentas revelaram já ter tido vontade de tomar a mesma atitude. De acordo com o estudo, o ambiente de trabalho está envolvido em 7% dos pensamentos ligados a suicídio. Foi percebido também que um em cada seis trabalhadores tem tendências depressivas, estresse e/ou ansiedade. A situação contribui para que quase 60% deles sempre aceitem drinques após o expediente -- 14% admitiram beber durante o expediente. Cigarros e remédios para dormir também são artifícios encontrados para "amenizar" os efeitos negativos da profissão.
 
Fonte: Correio Braziliense


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