Para OMS, surto da doença, que já matou 467 no oeste do continente, é o maior da história
Reunidos em Gana, os ministros da Saúde de países da África Ocidental afirmaram nesta quarta-feira (2) que não têm os recursos necessários para combater o pior surto de ebola da história e que as crenças existentes sobre a doença continuam a ser um grande obstáculo na prevenção da propagação.
O surto já matou 467 pessoas em Guiné, Libéria e Serra Leoa desde fevereiro e é considerado o maior e mais mortal pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
Os ministros também lançaram avisos sobre práticas que permitiram que a doença se espalhasse para além das fronteiras.
Abubakarr Fofanah, vice-ministro da Saúde de Serra Leoa, país com um dos sistemas de saúde mais precários do mundo, disse que é preciso dinheiro para medicamentos, pessoal e equipamentos de proteção básica.
"Na Libéria, o nosso maior desafio são a negação, medo e pânico. Nosso povo está com muito medo da doença", disse Bernice Dahn, ministro-adjunto da Saúde da Libéria. "As pessoas estão com medo, mas não acreditam que a doença existe e, por isso, pessoas ficam doentes. Membros da comunidade as escondem e enterram, contrariando todas as normas que temos colocado em prática."
As autoridades estão tentando impedir que parentes de vítimas do ebola lhes deem funerais tradicionais, que muitas vezes envolvem a lavagem manual do corpo, por medo de propagação da infecção. Os mortos devem ser enterrados por pessoal de saúde, usando equipamentos de proteção.
A Cruz Vermelha da Guiné disse que foi forçada a suspender temporariamente algumas operações no sudeste, após funcionários serem ameaçados, e um centro da ONG Médicos Sem Fronteiras foi atacado em abril, após funcionários serem acusados de trazer a doença ao país.