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Esforço conjunto

11 de junho de 2014
 
Por Carlos Motta | Para o Valor, de São Paulo
 
O setor de saúde do Brasil ostenta números grandiosos: cerca de 6.800 hospitais públicos e privados, 195 mil unidades de serviços, 500 mil leitos hospitalares, 10,2% de participação no Produto Interno Bruto (PIB). Só a área de saúde complementar faturou, no ano passado, R$ 110,2 bilhões, uma impressionante alta de 15,5% em relação a 2012. No campo público, o controvertido Sistema Único de Saúde (SUS) oferece serviços desde a vigilância de alimentos, medicamentos e cosméticos até cirurgias de alta complexidade. Tem a difícil missão de prestar assistência gratuita a toda a população brasileira - é o maior sistema de saúde pública do mundo.
 
Números tão espetaculares escondem, porém, uma fragilidade notada por todos que integram o setor - usuários, profissionais, empresários e autoridades públicas. É praticamente unânime o diagnóstico de que ainda é preciso avançar muito para que a saúde do país atinja níveis que satisfaçam a população.
 
Uma das peças mais importantes dessa complicada engrenagem são os hospitais privados, que respondem por 70% do total do país. Um peso tão considerável implica responsabilidades proporcionais, traduzidas na manutenção da qualidade de atendimento, investimentos em tecnologia, equipamentos, recursos humanos e na ampliação física das unidades.
 
É um conjunto de medidas que os empresários estão sendo obrigados a tomar não só para não perder terreno num mercado altamente competitivo, mas porque já há alguns anos registrou-se no país um fenômeno que tem sacudido o setor: a ampliação das classes C e D, com o aumento da renda da população e níveis baixos de desemprego.
 
Com isso, um contingente enorme de pessoas, antes apenas assistidas pelo SUS, tem ingressado no sistema de saúde complementar. No ano passado o número de beneficiários de planos de saúde aumentou 4,6%, taxa superior aos 3,6% e 3% de crescimento verificados em 2012 e 2011, sempre em relação aos anos anteriores. Só em 2013 o sistema passou a contar com mais 2,2 milhões de beneficiários.
 
Essa pressão de demanda exigiu respostas rápidas. O superintendente-corporativo do Hospital Sírio Libanês, de São Paulo, Gonzalo Vecina Neto, diz que todos os grandes hospitais privados, não só de São Paulo, mas de várias capitais, expandiram suas redes. No caso do Sírio Libanês, informa, já havia planos para uma reestruturação em 2005, que acabaram coincidindo com o aumento da demanda.
 
Marcelo Pina, diretor-executivo-regional da Rede D'Or São Luiz, confirma a informação. "Nos últimos dois anos ampliamos em mais de 20% o total de leitos do Copa D'Or, assim como ampliamos e reformamos as instalações das emergências adulto e pediátrica." E para 2016, o grupo pretende inaugurar um novo hospital, o Copa Star, "com 150 leitos voltados à classe A", diz.
 
A estratégia é corroborada por Denise Santos, CEO da Beneficência Portuguesa de São Paulo: "Investimos na ampliação do atendimento para a área pública e particular. No ano passado investimos R$ 5 milhões na inauguração do Hospital Santo Antônio, na zona leste de São Paulo, dedicado exclusivamente a pacientes do SUS, e estamos investindo R$ 97 milhões na construção do anexo do Hospital São José."
 
O Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, também acompanhou essa onda de investimentos: nos últimos cinco anos foi gasto R$ 1,1 bilhão, basicamente para a atualização e expansão do hospital, ampliação da rede de unidades avançadas e na implantação de tecnologia de informação para suporte às suas atividades. Segundo sua diretoria, os planos para os próximos cinco anos preveem mais R$ 1,7 bilhão, que será usado também na infraestrutura para operação de hospitais públicos, em uma faculdade de medicina e em um centro de ensino e pesquisa.
 
A incorporação de milhões de pessoas à rede de saúde complementar trouxe, porém, complicações extras para os empresários.
 
Atualmente, os contratos coletivos empresariais respondem por cerca de 70% do total dos planos de saúde. Ou seja, a maioria dos compradores dos serviços de saúde é de empresas, que, na tentativa de reduzir seus custos, passaram a negociar planos mais baratos com as operadoras. Essas, por sua vez, pressionam os hospitais para que eles reduzam seus gastos, "diminuam os honorários médicos, façam menos exames", diz Vecina Neto, do Sírio Libanês.
 
O setor de saúde complementar, segundo informa o diretor-executivo da Associação Brasileira de Medicina em Grupo (Abramge), Antonio Carlos Abbatepaolo, tem investido em hospitais, ambulatórios e laboratórios próprios para atender ao aumento de demanda, além de realizar investimentos em tecnologia e em pesquisas. "E há possibilidade de mais investimentos. Basta o governo estender à saúde medidas de desoneração que já beneficiam outros setores da economia", diz.
 
Não são apenas as operadoras que elegem a questão tributária como um dos maiores entraves para o desenvolvimento do setor de saúde. Em uníssono, os dirigentes das associações de classe afirmam que a alta carga tributária é um dos maiores empecilhos para que os investimentos do setor cresçam.
 
Os depoimentos são contundentes. "Apesar da representatividade do setor privado na saúde, ele ainda enfrenta resistências por parte do governo federal quando se trata de incentivos ao crescimento e desenvolvimento", diz Francisco Balestrin, presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp).
 
"O maior problema que o setor enfrenta hoje e faz com que não apareçam mais empreendedores para a área de saúde é a alta carga tributária", afirma Luiz Aramicy Pinto, presidente da Federação Brasileira de Hospitais (FBH).
 
"O principal problema é antigo, anterior à criação do SUS: o subfinanciamento do setor, nossa sociedade deveria entender que o dinheiro para saúde é investimento e não despesa", diz Eduardo de Oliveira, presidente da Associação dos Hospitais do Estado de São Paulo (Ahesp).
 
Para esses empresários, o tratamento para a cura dos problemas setoriais passa por um modelo mais integrado e tecnologia. "É preciso investir em infraestrutura e tecnologia adequada à evolução da medicina, fomentar a inovação científica e tecnológica, criar um sistema de avaliação de qualidade, desenvolver um plano de ação público-privado para a integração dos sistemas de informação, bem como desenvolver um modelo assistencial integrado com foco no paciente, além de redes assistenciais integradas entre os setores público e privado", diz Francisco Balestrin, da Anahp.
 
Segundo ele, essas sugestões fazem parte do "Livro Branco: Brasil Saúde 2015", resultado de um ano de trabalho, que está sendo entregue aos candidatos à Presidência da República.
 
Os empresários também sugerem o fortalecimento das parcerias público-privadas, "algo que hoje vem sendo realizado modestamente por meio das organizações sociais", como explica Luiz Aramicy Pinto, da FBH.
 
Já o Ministério da Saúde colocou como uma de suas prioridades para aperfeiçoar o atendimento da rede hospitalar a melhoria do atendimento de urgência. Desde 2011 desenvolve o programa SOS Emergências, que visa qualificar a gestão em grandes hospitais que atendem pelo SUS. Já foram contempladas 28 unidade, restando apenas três para serem atendidas, em Roraima, no Acre e no Mato Grosso do Sul. Mensalmente, são repassados R$ 300 mil a cada unidade para custear a atividade e há ainda R$ 3 milhões disponíveis para a aquisição de equipamentos e R$ 48,9 milhões para reforma ou ampliação das 31 unidades.
 
 
Fonte: Valor Econômico


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