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ONU investe no combate à Aids durante a Copa

09 de junho de 2014
 
Michel Sidibé
 
O diretor-executivo do Programa Unaids, da ONU, lança hoje. em Salvador, a campanha Proteja o Gol, que distribuirá dois milhões de camisinhas nas cidades-sede do Mundial
 
Renato Grandelle
 
O senhor acredita que o turismo sexual aumentará no Brasil durante a Copa do Mundo? Com isso, uma nova epidemia de Aids podería chegar ao país?
 
É um torneio que, de fato, provoca muita mobilização e energia, e o risco de infecções é maior, mas as relações sexuais não necessariamente ocorrerão de forma irresponsável. O Brasil está acostumado com grandes eventos, como o carnaval. O que precisamos é fazer um gerenciamento de riscos, especialmente entre meninas de camadas sociais menos favorecidas, que são menos informadas. Temos uma oportunidade única para levar aos jovens a mensagem de prevenção, de uso dos preservativos.
 
O aumento da prostituição, então, não seria um problema?
 
Para mim, este não é um problema apenas no Brasil, mas também no mundo. Seja qual for o país, toda vez que receber pessoas de muitos países, as meninas deverão estar bem informa HIV.
 
Esta medida é suficiente?
 
Não, são três frentes. Além da informação, também é importante considerar as políticas públicas e a legislação. As prostitutas têm que ter acesso a serviços, para que não haja um ciclo de infecções entre elas e seus clientes. Elas não podem ficar expostas. Se forem informadas sobre os riscos do HIV, se tiverem acesso a serviços de assistência, evitaremos problemas como uma epidemia.
 
A campanha Proteja o Gol foi lançada com o slogan "De Soweto a Salvador", uma referência à África do Sul, que sediou a última Copa. Quais são as semelhanças e diferenças no combate à doença nos dois países?
 
Esta campanha já está sendo ensaiada há quatro anos e envolveu diversos acordos e lideranças até chegar aqui. Ela mostra os laços culturais de dois países que abordaram a doença de uma forma muito diferente. Trinta anos atrás, ambos tinham a mesma prevalência de HIV na população. O Brasil logo assumiu a liderança na luta contra o vírus. Foi o primeiro a oferecer testes para diagnósticos de infecção. Na África do Sul, este debate durou muito mais tempo. A epidemia da Aids chegou a atingir 22% da população.
 
A Copa de 2010, de alguma forma, influenciou o combate a esta epidemia?
 
Sim, acredito que uma grande virada tenha ocorrido à época do torneio, quatro anos atrás. Foi quando corremos atrás da redução do preço de medicamentos, levando-os às populações marginalizadas, e fizemos propagandas sobre os riscos de transmissão do vírus da mãe grávida para o bebê. O progresso foi tamanho que, hoje, a África do Sul é uma referência para todo o continente. É o maior programa que temos no mundo contra a doença.
 
A Unaids assumiu a meta de "Zero novas mortes, zero novas infecções, zero discriminação". Será possível cumpri-la?
 
Os "zeros" não são realizações apenas relacionadas à medicina, mas também a políticas sociais. Creio que até 2030 conseguiremos atingi-los. Contamos que o Brasil continue mostrando sua liderança e, se possível, que ninguém fique para trás. No início do mês, por exemplo, a presidente Dilma Rousseff sancionou uma lei que proíbe a discriminação contra as pessoas que vivem com o HIV, o que pode ocorrer em ações como por exemplo negar emprego aos infectados.
 
A África é vista como uma região particularmente vulnerável ao vírus HIV. Qual é a situação do continente?
 
Fizemos programas com resultados rápidos em muitos países, mas ainda enfrentamos resistências. O maior desafio é a violência contra as meninas. É a transmissão de sexo entre gerações, quando um homem mais velho abusa sexualmente de uma jovem. Infelizmente, trata-se de um problema muito difícil de combater.
 
Por que a epidemia de Aids avançou em algumas regiões do mundo?
 
O Leste Europeu e na Ásia Central, onde houve esse aumento, são regiões sem leis de proteção às populações vulneráveis, como usuários de drogas, prostitutas e homossexuais. Elas são punidas. Por isso, preferem se esconder, em vez de vir a público para procurar um tratamento.
 
"As prostitutas não podem ficar expostas. Se forem informadas sobre os riscos do HIV, evitaremos problemas como uma epidemia"
 
Fonte: O Globo


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