Endereço: Rua José Antônio Marinho, 450
Barão Geraldo - Campinas, São Paulo - Brasil
Cep: 13084-783
Fone: +55 19 3289-5751
Email: idisa@idisa.org.br
Adicionar aos Favoritos | Indique esta Página

Entrar agora no IDISA online

Suplementos de fundo de quintal

24 de abril de 2014
 
Um químico e uma dentista do Exército são acusados de fabricar clandestinamente complementos alimentares em uma casa do Riacho Fundo. Os produtos eram vendidos por meio da internet para todo o Brasil e até em hospitais do Distrito Federal
 
» KELLY ALMEIDA
 
Um empréstimo de R$ 2 milhões tinha potencial para render pelo menos o triplo ao casal responsável por uma fábrica clandestina de suplementos alimentares no Riacho Fundo. Por 60 dias, um químico e uma dentista do Exército foram monitorados pela Polícia Civil. Com ajuda de revendedores e de um site, negociavam a mercadoria ilegal para todo o país, inclusive em hospitais. Ontem, durante a Operação Químicos, a mulher acabou presa em flagrante. O marido está em uma viagem e deve ser detido nos próximo dias.
 
A movimentação de Aldo de Paiva Rosa e Tainá do Vale com a venda dos complementos era tanta que, segundo as investigações, ele foi à Região Nordeste tentar o empréstimo milionário. Com o dinheiro, compraria material para continuar a produzir e, dessa forma, lucraria ainda mais. Apesar de a polícia não ter concluído o balanço dos valores alcançados mensalmente pelos acusados, o negócio parecia rentável. Os dois mantinham uma casa a poucos metros da deles apenas para fabricar os suplementos. Ontem, quando os agentes da Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor, à Ordem Tributária e a Fraudes (Corf) chegaram ao local, na QS 12 do Riacho Fundo, encontraram mais de 30 sacos, com 30kg cada, do principal material para a fabricação de uma proteína.
 
O imóvel usado como fábrica tinha uma betoneira para misturar o material e máquinas para fazer as cápsulas. "Ele (Aldo) é químico e sabia fazer as composições, mas eles estavam desobedecendo a uma série de critérios. Não tinham autorização nem registro para produzir esses suplementos alimentares", afirma o chefe da Corf, Jefferson Lisboa. Um dos cômodos servia como depósito. "Eles não vendiam no local. Tinham revendedores, um site e telefones disponíveis. Quando alguém queria comprar, ligava para o químico e ele marcava um encontro com o interessado para entregar o suplemento", detalha o delegado. Algumas embalagens estavam etiquetadas com selos de aprovação e endereços de fábricas de São Paulo. De acordo com a polícia, no entanto, nenhum produto tinha registro no Ministério da Saúde. A origem dessas identificações será investigada.
 
Segundo informações de quem adquiriu suplementos com o casal, a 2ª tenente oficial técnico temporário oferecia e vendia os produtos dentro do Hospital das Forças Armadas (HFA), onde trabalhava como dentista. O Correio procurou a unidade saúde do DF, mas não teve resposta até o fechamento desta edição. Ela foi presa em casa e levada para o 1º Regimento de Cavalaria de Guardas, segundo o Ministério do Exército. Responderá por crime hediondo (leia O que diz a lei). A polícia pedirá a prisão preventiva de Aldo à Justiça. A reportagem não localizou os advogados do casal.
 
Perigos
 
A Vigilância Sanitária participou da Operação Químicos. O gerente de Alimentos do órgão, André Godoy, disse que a dupla mantinha uma empresa registrada para a venda de produtos alimentícios, porém não tinha autorização para produzir ou comercializar suplementos. "Ele (Aldo) veio até a vigilância e pegou informações, mas não continuou com o processo. Para nós, o que foi encontrado hoje (ontem) é uma empresa clandestina, sem registro. O ambiente de fabricação não tem estrutura", avalia Godoy.
 
Os agentes da Corf também detectaram irregularidades nas etiquetas das embalagens. "Em algumas, havia a propaganda de queima de gordura. É proibido colocar expressão que cause falsa interpretação. Se há riscos até nos produtos legalizados, imagine nesses que são fabricados sem autorização", alerta. A Vigilância Sanitária abriu um processo administrativo contra os acusados, que pode resultar em multa e outras punições. "Para fabricar esses suplementos, a vigilância precisa ser notificada e autorizar. Alguns dos produtos precisam de registro, obrigatoriamente", acrescenta Godoy.
 
Para saber mais
 
Sucesso na televisão Histórias sobre cientistas que usam o conhecimento para cometer crimes também ganham destaque na ficção. Em Breaking Bad: a química do mal, um professor de química do ensino médio (Walter White) produz e vende metanfetaminas com o auxílio de um ex-aluno (foto). Ele tem um filho com paralisia cerebral, e a mulher está grávida. Ao receber o diagnóstico de um câncer, White se dedica ao tráfico para garantir o futuro financeiro da família. A série de televisão norte-americana teve cinco temporadas, com episódios exibidos entre 2008 e 2013. O programa recebeu inúmeros prêmios, inclusive 10 Primetime Emmy Awards. Em 2013, o Writers Guild of America colocou Breaking Bad em 13º lugar entre as séries de televisão mais bem escritas de todos os tempos.
 
O que diz a lei
 
A legislação brasileira considera hediondo o crime ao qual o casal é acusado de praticar no Distrito Federal. A pena está prevista no artigo 273 do Código Penal Brasileiro (e pode variar de 10 a 15 anos de prisão), além de multa. A lei qualifica o delito para quem "falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais".
 
Eles (os acusados) não vendiam no Local. Tinham revendedores, um site e telefones disponíveis. Quando alguém queria comprar, ligava para o químico e ele marcava um encontro com o interessado para entregar o suplemento"
 
Jefferson Lisboa, delegado-chefe da Corf
 
Fonte: Correio Braziliense


Meus Dados

Dados do Amigo

Copyright © . IDISA . Desenvolvido por W2F Publicidade