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Saúde é vítima de falta de organização

29 de março de 2014
 
CLÁUDIA COLLUCCI DE SÃO PAULO
 
Desorganização é a palavra que sintetiza bem o estado em que se encontra hoje o sistema de saúde brasileiro e que permeou as discussões durante o Fórum a Saúde do Brasil, realizado pela Folha.
 
 
Houve consenso entre os palestrantes de que faltam ordenação da rede de assistência e integração entre os setores público e privado e de que sobram entraves à inovação científica e tecnológica.
 
 
No setor público, apesar dos avanços nos 25 anos do SUS, o país carece de coordenação mais efetiva da rede assistencial. Sem atenção básica que resolva os problemas mais simples de saúde, proliferam as filas nos hospitais.
 
 
Realidade semelhante vivem os hospitais privados, com seus prontos-socorros lotados de pacientes que poderiam ter sido atendidos em consultórios médicos.
 
 
Arthur Chioro, ministro da Saúde, enumerou no fórum vários desafios, entre eles a mudança do atual modelo de atenção à saúde, ainda muito centrado na doença e não na prevenção. Aumentar a eficiência da atenção básica e renovar a rede hospitalar são algumas das outras metas do governo federal.
 
 
O secretário estadual da Saúde de São Paulo, David Uip, acrescentou que o sistema é prejudicado por desperdício e por corrupção.
 
 
O governo federal estuda a substituição da tabela SUS por nova forma de remuneração --pacotes de procedimentos para atendimento integral do paciente.
 
 
O atual modelo de remuneração leva a distorções, como o doente ter à disposição serviços de hemodiálise, mas não um nefrologista para cuidar da insuficiência renal.
 
 
A mudança no modelo de remuneração também foi defendida no fórum pelos dirigentes hospitalares Claudio Lottenberg (Albert Einstein), Gonzalo Vecina Neto (Sírio-Libanês) e Walter Cintra Júnior (Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas).
 
 
MAIS MÉDICOS
 
 
O debate mais acalorado do fórum foi sobre o programa Mais Médicos, do governo federal. O urologista Miguel Srougi o qualificou como inconsistente e ineficaz.
 
 
Mozart Sales, secretário de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, rebateu, defendendo o programa como forma de ofertar assistência a populações pobres que vivem em regiões onde os médicos brasileiros não querem se fixar.
 
 
A temperatura também subiu no painel sobre os sistemas de saúde. Mário Scheffer, professor da USP, afirmou que o país está destinando cada vez mais dinheiro público à área privada, com repasse de recursos e isenção fiscal.
 
 
Scheffer apontou para o crescimento da venda de planos incompatíveis com as exigências mínimas. "A ANS [Agência Nacional de Saúde Suplementar] foi capturada pelos interesses do mercado que ela deveria regular."
 
 
O presidente da Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo), Arlindo de Almeida, discordou de Scheffer. "As exigências para os planos de saúde funcionarem estão até aumentando."
 
 
Na área de pesquisa, Antônio Britto, presidente-executivo da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), criticou a falta de incentivo a testes clínicos, atribuída à "relação mal resolvida com a inovação". João Massud Filho, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Farmacêutica, também citou a fraca presença do Brasil na pesquisa clínica e disse que a dificuldade de fazer testes no país é "antiética".
 
 
O excesso da carga tributária foi outro tema debatido. Um terço do que é pago pela população na área da saúde se resume a impostos e taxas.
 
 
"É mais barato entrar na farmácia mugindo do que tossindo", disse Gilberto Luiz do Amaral, do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação, ao condenar tributos menores do setor veterinário.
 
Fonte: Folha de S. Paulo


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