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Saúde bucal

19 de março de 2014
 
Claudio Miyake e Marco Manfredini
 
Um tratamento dentário sem acompanhamento profissional pode trazer sérios prejuízos à saúde, em alguns casos irreversíveis
 
Os aparelhos dentários são importantes para o sucesso de um tratamento que corrija problemas de obstrução dentária.
 
Eles promovem a normalização de componentes ósseos e dentários que incomodam o indivíduo quando alterados, pois dificultam atividades funcionais como a mastigação e a fonação (a fala). Além disso, os aparelhos possibilitam melhorias estéticas.
 
Recentemente, o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp) denunciou a venda irregular de materiais ortodônticos, bem como a de serviços de instalação e manutenção dos mesmos, com personalização de fios falsos e ligaduras elásticas (borrachinhas) coloridas.
 
Essa distorção causa incontáveis danos à saúde do usuário, mas sobretudo revela o cenário de dificuldades de acesso ao tratamento ortodôntico no Brasil que a população mais carente enfrenta.
 
São classificadas como oclusopatias (problemas advindos de obstrução) a mordida aberta, a mordida cruzada, apinhamentos e desalinhamentos dentários, sobremordidas e protrusões, entre outras alterações.
 
Segundo dados divulgados pela Pesquisa Nacional de Saúde Bucal de 2010, realizada pelo Ministério da Saúde, aos 12 anos, 38% das crianças brasileiras apresentam problemas de oclusão, sendo que, dessas, 11% têm comprometimento severo e 7% muito severo. Entre os adolescentes, 35% do total sofrem de oclusão, dos quais 10% possuem oclusopatias severas.
 
No país, cerca de 230 mil crianças de 12 anos e 1,7 milhões de adolescentes precisam de acompanhamento do ortodontista. No entanto, o Sistema Único de Saúde (SUS) não atende à demanda, fazendo perpetuar esse grave problema de saúde pública. Desde 2011, os mil centros de especialidades odontológicas (CEO) abertos no Brasil recebem recursos públicos para ofertar esses serviços, mas insuficientemente, de modo que menos de 10% deles disponibilizam de fato o tratamento ortodôntico para a população.
 
Pelas dificuldades de acesso e por falta de orientação, muitos jovens têm buscado atendimentos informais oferecidos por falsos profissionais que se passam por cirurgiões-dentistas sem nem mesmo terem frequentado uma aula apenas do curso de odontologia. Há também aqueles que nem se autoclassificam como profissionais, mas oferecem o serviço mesmo assim.
 
Sem contar os pacientes que aplicam em si mesmos o tratamento, facilitado pelo livre comércio dos materiais de uso exclusivo do cirurgião-dentista e que deveriam ser vendidos apenas para os profissionais, se a lei estivesse atenta a isso.
 
Vale ressaltar que o tratamento ortodôntico sem acompanhamento do ortodontista poderá acarretar --antes, durante e depois de finalizado-- sérios prejuízos à saúde, em alguns casos irreversíveis.
 
Os fios ortodônticos servem para guiar os dentes para uma posição desejada, produzindo uma força controlada e necessária. O uso incorreto desse material poderá gerar mobilidade dentária e até perda dental e óssea, em pouco tempo de uso.
 
Precisamos de uma gestão pública empenhada em enfrentar os obstáculos ao trabalho dos cirurgiões-dentistas. A população precisa ser conscientizada da importância do tratamento ortodôntico correto.
 
CLAUDIO MIYAKE, 48, é presidente do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp) MARCO MANFREDINI, 52, é conselheiro do Crosp
 
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br
 
Fonte: Folha de S. Paulo


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