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Ameaça solar

15 de fevereiro de 2014
 
Estudo desenvolvido na Universidade Federal de Itajubá confirma que a incidência de radiação no Brasil é superior à que vinha sendo considerada por médicos. Uso de protetores é necessário em todo o território nacional para evitar problemas como o câncer de pele
 
Pedro Cerqueira
 
Belo Horizonte -- Sabe aquela recomendação sobre não se expor à luz do Sol entre as 10h e as 15h? Pois já não é mais bem assim. Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de Itajubá (Unifei), em Minas Gerais, mapeou a incidência de raios ultravioletas (UV) em todo o território brasileiro e indicou que a radiação que chega aos brasileiros é muito maior do que vinha sendo considerado por grande parte dos médicos e unidades de saúde no país.
 
Segundo o professor Marcelo de Paula Corrêa, autor do estudo, é a primeira vez que essa quantidade relevante de informações sobre radiação solar ultravioleta no Brasil é reunida. "Até então, todas as recomendações que eram feitas sobre a exposição ao Sol usavam informações coletadas, principalmente, nos Estados Unidos e na Europa", explica. Parte dos dados foi obtida com medições in loco, enquanto modelos matemáticos que se baseiam em diversos parâmetros (como o conteúdo de ozônio, a incidência de nuvens e a poluição) complementaram as informações para todo o Brasil e a América do Sul.
 
O método de medição é considerado muito confiável, segundo o pesquisador. A explicação sobre os níveis elevados de radiação UV no Brasil é sua localização geográfica. "As pessoas costumam associar a grande incidência de radiação solar com praia e com o Nordeste do Brasil, mas constatamos que, no verão, o Sudeste recebe uma quantidade maior que essa região", afirma Corrêa.
 
No Rio Grande do Norte, por exemplo, às 9h, existe uma incidência de radiação ultravioleta que exige uma proteção intensa, com índices ultravioleta máximos entre 13 e 14. Por outro lado, em São Paulo, esse número pode atingir índice 15 no verão. Então, é preciso que as pessoas que vão se expor à luz tenham muito bom senso, pois essa radiação vai variar de acordo com o horário, o lugar e as características da atmosfera (a incidência de nuvens, por exemplo).
 
A pesquisa repercutiu na classe médica, e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) logo divulgou o Consenso Brasileiro de Fotoproteção, documento atual e baseado na realidade brasileira. A publicação, anunciada no fim do ano passado, confirma que os parâmetros usados até então pela categoria para fazer recomendações sobre as formas e os horários mais adequados à exposição eram retirados de revistas internacionais dos Estados Unidos ou da Europa, e que os poucos estudos publicados revelam que a radiação solar no Brasil é muito superior à observada nesses países. A SBD chegou a recomendar mais estudos sobre a realidade brasileira, a fim de produzir políticas públicas mais adequadas.
 
Horários
 
Além de não recomendar a exposição entre as 10h e as 15h (sendo que deve ser feito um ajuste durante o horário de verão), dependendo da época do ano e da localidade, é preciso se precaver num período ainda maior. No Nordeste, por exemplo, é melhor evitar o sol a partir das 9h. Já no Centro-Oeste, é necessário estender esse período até as 16h. E o resultado dessa falta de informação talvez esteja retratado no último relatório divulgado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) em relação à estimativa de novos casos de câncer de pele no Brasil para 2014: 180 mil casos, nada menos que 31% do total de casos gerais da doença que devem ser registrados no ano.
 
Três perguntas para Carolina Marçon, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia Com base nas medições feitas nessa pesquisa, o que mudou quanto à proteção que deve ser adotada ao se expor ao Sol?
 
É preciso entender que, quanto maior o índice UV, maior o risco de desenvolver queimaduras e o câncer de pele. Quando o índice está acima de oito, já é considerado muito alto, sendo preciso se proteger. Só para se ter ideia, na cidade de São Paulo, esse índice anual é de 11. No Nordeste, é 14. Isso nos leva a adotar o máximo de proteção entre as 10h e as 16h, mas principalmente entre as 11h e as 13h. Procure sempre as sombras, use filtro solar com fator de proteção solar de, no mínimo, 30, use chapéu e roupas que o protejam do sol.
 
Com o maior conhecimento a respeito da incidência da radiação UV no Brasil será possível reduzir os casos de câncer de pele?
 
Com certeza. O Brasil é um país peculiar porque está localizado numa região onde bate sol o ano inteiro. Isso faz com que não seja possível adotar as recomendações pensadas para outros países. Por isso, e também devido às características diversas de pele que temos aqui, a Sociedade Brasileira de Dermatologia reuniu 25 especialistas da área que discutiram os temas mais polêmicos, de onde surgiu a publicação de um consenso de fotoproteção mais adequado à nossa realidade. E, com base nessas novas medidas, esperamos uma diminuição dos casos de câncer de pele.
 
O que pode ser feito para popularizar o uso do protetor solar, visto que o preço não é acessível?
 
Existem diversos projetos de lei em tramitação que podem tornar o protetor solar mais acessível, desde propostas de redução de impostos, o fornecimento do produto para categorias profissionais que trabalham diretamente expostas as sol, como os carteiros, e a distribuição para pessoas mais suscetíveis a desenvolver doenças relacionadas à exposição.
 
Mapa da proteção O que fazer?
 
Proteção intensa. Evite se expor ao sol nas horas próximas ao meio-dia. Camiseta, filtro solar, óculos escuros e chapéu são extremamente necessários.
 
Necessidade de proteção. Vista uma camiseta, aplique o filtro solar e coloque um chapéu.
 
Não há necessidade de proteção, mas procure uma sombra nas horas próximas ao meio-dia.
 
Fonte: Correio Braziliense


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