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Poluição de Nova Déli ultrapassa a de Pequim

Por GARDINER HARRIS
 
NOVA DÉLI - A poluição atmosférica de Pequim recentemente estava tão ruim que o governo emitiu alertas sanitários urgentes e fechou quatro vias expressas importantes, levando moradores em pânico a comprar filtros de ar e usar máscaras. Enquanto isso, em Nova Déli, onde a espessa névoa poluente era, conforme algumas medições, ainda mais perigosa, havia poucos sinais de alarme.
 
Embora Pequim, na China, tenha a fama de ter um dos ares mais poluídos do planeta, um exame das cifras diárias de poluição colhidas por ambas as cidades sugere que o ar de Nova Déli, na Índia, está, com mais frequência do que em Pequim, mais carregado de partículas perigosas.
 
A atmosfera indiana está entre as piores do mundo. E crescem os indícios de que os indianos pagam mais caro do que praticamente qualquer outro povo pela poluição. Um estudo recente mostrou que os indianos têm os pulmões mais fracos do planeta, com bem menos capacidade do que os pulmões chineses. Os pesquisadores estão começando a suspeitar que a mistura indiana de ar poluído, saneamento ruim e água contaminada faz do país um dos mais perigosos do mundo para os pulmões.
 
A Embaixada dos EUA em Pequim emitiu alertas em meados de janeiro, quando uma medição do nocivo material particulado fino conhecido como PM 2,5 ultrapassou a marca de 500, aproximando-se do máximo da escala. Isso se refere a partículas com menos de 2,5 micrômetros de diâmetro, que supostamente constituem o maior risco para a saúde, por penetrarem profundamente nos pulmões.
 
Mas, nas três primeiras semanas deste ano, o pico diário médio da leitura do material particulado fino do Punjabi Bagh, serviço de monitoramento que costuma ter resultados inferiores aos de outros serviços, era de 473, mais do que o dobro da média de Pequim, que foi de 227. Apenas uma vez nessas três semanas o pico diário das partículas finas em Nova Déli ficou abaixo de 300, nível que equivale a mais de 12 vezes o limite de exposição recomendado pela Organização Mundial da Saúde.
 
O mais preocupante, talvez, seja que os níveis máximos diários de poluição por partículas em Déli estejam neste ano 44% superiores ao ano passado. "Sempre me intrigou que o foco esteja constantemente na China e não na Índia", disse o médico Angel Hsu, do programa de medição de desempenho ambiental do Centro Yale para o Direito e a Política Ambiental, em Connecticut. "A China percebeu que não pode se esconder atrás de sua opacidade de costume, ao passo que a Índia não é pressionada para liberar dados melhores."
 
A Índia tem a maior taxa mundial de mortalidade por doenças respiratórias crônicas e mais mortes por asma do que qualquer outra nação, de acordo com a OMS.
 
A poluição por partículas finas é associada a mortes prematuras, ataques cardíacos, derrames e insuficiência cardíaca. Em outubro, a OMS declarou que ela causa câncer de pulmão. Em novembro, durante as negociações climáticas globais em Varsóvia, a Índia e a China resistiram a aceitar limites para a poluição.
 
Frank Hammes, da empresa suíça IQAir, fabricante de filtros de ar, disse que o faturamento da companhia é centenas de vezes maior na China do que na Índia. "Na China, as pessoas estão extremamente preocupadas com o ar, especialmente em torno das crianças pequenas", disse ele. "Não há a mesma preocupação na Índia."
 
A função pulmonar relativamente ruim dos indianos já foi reconhecida há muito tempo, mas os pesquisadores supuseram que a diferença era genética. Aí, em 2010, um estudo concluiu que os filhos de imigrantes indianos que nasceram e foram criados nos EUA apresentavam uma função pulmonar muito melhor do que os nascidos e criados na Índia. "Não é a genética, é principalmente o ambiente", disse a médica MyLinh Duong, da Universidade McMaster, em Hamilton, no Canadá.
 
Em um estudo publicado em outubro, Duong comparou exames pulmonares feitos com 38.517 não fumantes saudáveis de 17 países. A função pulmonar dos indianos foi disparada a mais baixa.
 
Annat Jain, investidor privado que voltou à Índia em 2001, depois de passar 12 anos nos EUA, disse que seu pai morreu no ano passado de insuficiência cardíaca agravada por problemas respiratórios. Agora, sua filha de quatro anos precisa receber tratamento respiratório duas vezes por dia. "Mas, sempre que saímos do país, voltamos a respirar normalmente."
 
Fonte:  Folha de S. Paulo


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