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2013 - 35 - 705 - DOMINGUEIRA - SUPREMO EGOÍSMO - 29-12-2013

ABRASUS DE UM INÍCIO DE ANO NO QUAL REFORÇAMOS NOSSO DESEJO DE QUE SEJA MAIS BOM QUE NOVO.
 
 
ATO DE SUPREMO EGOÍSMO
 
Gilson Carvalho
"Sou o que sou pelo que nós somos"  Princípio Ubuntu  defendido por Mandela em sua luta pelo humanismo solidário.
 
Inúmeras vezes falei com as pessoas e até citei em minhas palestras,  que só nós somos capazes de fazer bem a nós. Também usei o inverso: só nós podemos fazer mal a nós. O bem e o mal que nos cercam e nos acontecem  têm de ser processados pela nossa mente para atingir e penetrar em nosso interior. A chave de nós mesmos somos nós. Nós e só nós.
Se nos fizerem o bem e não tivermos o hábito de descodificá-lo ele será sempre inócuo para nós. As melhores coisas que nos acontecem podem não ser vistas e nem objeto de nosso desfrute se não o quisermos. Elas podem esmurrar nossas portas, sem que percebamos os mínimosruídos: olhos, ouvidos e alma fechados e lacrados. Passamos ao largo e sofremos com a mesmice de que tudo que acontece conosco é ruim, mesmo não estando nós com o distúrbio psicobioquímico da depressão.
Quero, com um exemplo consolidado e de anos, fortalecer este pensamento antigo meu, que aprendi não sei com quem (nenhuma citação a fazer!), nem aonde, nem quando, mas que adotei. Tenho um amigo cujo nome não declino, por não me sentir autorizado. Nos vemos pouco, moramos longe, mas só ao nos encontrarmos parece que ontem mesmo estivemos juntos. Fomos apresentados um ao outro na década de noventa por um amigo comum.
Meu amigo tem uma história de lutas. Na época da ditadura ele, estudante de medicina e mais dois irmãos universitários tiveram que sair do Brasil. Os irmãos foram presos e torturados. Ele, ao sentir igualmente caçado, “exilou-se”.
Teve que interromper o curso de medicina e fez o internato mais longo da história. Começou no Brasil, passou pelo Uruguai,  Chile e foi terminar no Canadá. Desde que o conheço está casado com a mesma companheira de primeira hora, igualmente militante e com quem tem dois filhos. Do Canadá foi trabalhar em Moçambique na África até que retornou ao Brasil com a anistia. Militamos juntos no momento de reimplantação da atenção primária à saúde no Brasil. Estávamos na linha de frente. Eu como Diretor de Saúde, em São José dos Campos, e ele, na mesma função, em outra cidade paulista.
Como acontece, esporadicamente, encontrei-me com ele recente em viagem a sua cidade. Estava com meus netos Letícia e Vítor e quis vê-lo e apresentá-lo a eles. Fomos recebidos fraternalmente pela família. Conversamos longamente com ele, com sua esposa, com a filha e genro. Tiramos o atraso.
A esposa de meu amigo convive há décadas com uma condição crônica de saúde. Meu amigo tem um desvelo especial com ela. Atende, dedica, acompanha, assume funções, adequa seu trabalho. Dá, há anos, atenção e carinho a ela. Os que com ele convivemos na roda de amizade e trabalho, temos esta percepção e reconhecimento de seu valor e dedicação à esposa. Sempre comentamos entre nós. Quando nos encontramos reforço o elogio presencialmente.
Desta vez, ao nos despedirmos, no trajeto do aeroporto, reforcei minha  admiração a ele pelos cuidados com a companheira. Meu amigo desta vez, ao ser elogiado, saiu-se com uma pérola.
- Gilson, eu cuido de minha esposa nestes anos todos por um gesto de “supremo egoísmo”.
-Você quis dizer altruísmo, não é?
- Não. É por egoísmo mesmo.
-Como assim?
-A vida, em seu tempo, foi me ensinando que eu só estaria bem cuidando bem de minha esposa, a mãe de meus filhos. Nada mais. Cuido bem dela, isto faz bem a ela e a mim também. É um bem cuidar dooutro por egoísmo! Um supremo egoísmo meu!!!  Quero estar bem e tenho certeza que se dela não cuidasse, jamais estaria eu bem.
Sei que assim não é ,  mas, ele descobriu em sua modéstia, um jeito de enfrentar os elogios nossos sem se constranger. Todos o admiramos e assim dizemos, mas, ele racionalizou apenas para desvencilhar-se de nossos elogios. É a prática do altruísmo e solidariedade rotulados por ele como de “supremo egoísmo”.
Foi o corolário a minha teoria. Se não nos sensibilizarmos em ajudar os outros por altruísmo, por bondade, por convencimento interno, façamos o bem por altíssimo interesse próprio. Como moeda de troca. Seguindo interesses nossos, individuais e coletivos, caminhamos. Chegamos a dizer que o ser humano só anda, faz e raciocina baseado em seus interesses. Alguns dizem que também por necessidades. Acho que não. As necessidades precisam virar interesses para produzirem efeitos. Necessidades, sem serem turbinadas por interesses, existem mas,  em nada resultam.
A regra de ouro de convívio da humanidade, de todos os filósofos, de todas as religiões e crenças é só uma: “só faça aos outros o que gostaria que lhe fizessem”, ou dita pelo outro lado “não faça a ninguém aquilo que não gostaria que lhe fizessem”. É a suprema regra do egoísmo. Se formos racionais e inteligentes só teríamos que seguí-la. Bem traz bem e mal traz mal.
A chave está conosco. Ter a maturidade de abrir os ferrolhos de nossas portas para o bem e fechá-las para o mal! Trazer sempre a chave sob nosso controle. Abrir e fechar porta tem que ser uma decodificação seletiva e só nossa. Amemos o bem, façamos o bem, sejamos  permeáveis ao bem... isto só nos fará bem. Se não fizermos por convicções altruístas, façamos como atos de “supremo egoísmo”.
 
 GC-GC-SUPREMO EGOISMO-DEZ.2013
 
BOA SEMANA E BOAS FESTAS DE CONFRATERNIZAÇÃO.


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