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Ciência ainda depende dos testes em animais

27 de outubro de 2013
 
Em todo o mundo se buscam alternativas, mas ainda não é possível fazer o desenvolvimento de uma nova droga sem usar bichos
 
Giovana Girardi
 
No final da década de 1950, quando bebês começaram a nascer com malformações congênitas após as mães terem tomado talidomida para combater enjôos matinais, pesquisadores ficaram em choque. Como isso podia estar acontecendo se em camundongos o sedativo tinha se mostrado seguro? Tão seguro, pensavam, que poderia ser usado até por gestantes.
 
O caso poderia ser hoje uma excelente justificativa para grupos de direitos dos animais que pregam que testes em cobaias são inúteis porque a reação das drogas no organismo delas é muito diferente do que no nosso -, não fosse um detalhe. A falha se tornou um dos marcos para aumentar o rigor dos estudos. Os cientistas voltaram aos testes com animais, desta vez com coelhos e macacos, e observaram neles a malformação.
 
A conclusão foi óbvia: o problema poderia ter sido evitado. Foi daí que surgiu o protocolo internacional, seguido por agências reguladoras dos Estados Unidos, Europa e Brasil, que prevê que antes de uma droga chegar a humanos, é preciso fazer testes de segurança em pelo menos duas espécies, sendo uma de não roedores.
 
Essa história foi lembrada na semana passada por causa da invasão ao Instituto Royal, em São Roque (SP), e do subsequente bombardeio que as pesquisas com uso de animais sofreram - que, por sua vez, levaram a uma manifestação em peso da comunidade científica.
 
Paixões e defesas de classe à parte, a mensagem é clara: em todo o mundo se buscam alternativas para substituir o uso de animais e alguns métodos já eliminaram sua necessidade em algumas etapas, mas ainda não é possível fazer o desenvolvimento completo de uma nova droga sem testá-la em bichos.
 
E isso em todo o planeta. Mesmo a Europa - que proibiu que cosméticos sejam testados em bichos - usa por ano 12 milhões de animais em estudos farmacológicos. Apenas chimpanzés são proibidos. Os EUA também estão encerrando estudos com os grandes primatas.
 
Entrave. Segundo especialistas, o maior entrave é não ser possível simular com precisão o complexo funcionamento do organismo. Mas alternativas em algumas etapas já conseguem, ao menos, reduzir o número de cobaias. Na Fiocruz, pesquisadores buscam saídas para testes de irritação ocular de colírios e pomadas oftalmológicas. No processo-padrão, os primeiros testes seriam em coelhos. Cientistas descobriram que, usando córneas de bois abatidos, é possível saber se o produto promove irritação severa ou corrosiva. "Se der positivo, descartamos o produto e os coelhos são poupados", diz o biólogo Octávio Presgrave.
 
Alem de poupar os bichos, outras técnicas se mostraram até mais eficientes, como o modelo desenvolvido pelo biólogo brasileiro Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia, em São Diego. Ele estuda autismo e diz que, apesar dos anos de estudos em roedores, ainda não se chegou a um bom medicamento. Visto que não dá para realmente recriar o autismo nos animais.
 
Ele pegou células-tronco dos pacientes, transformou-as em neurônios e testou as drogas diretamente neles. "Nos pacientes, os neurônios fazem um número menor de sinapses que em pessoas normais. Os que desenvolvemos mostraram o mesmo problema." Parte das drogas que ele está testando para autismo está no mercado para outras doenças. Como já passaram por testes de segurança, Muotri espera que se elas se mostrarem efetivas nos neurônios, talvez seja possível mudar no futuro os protocolos. "Passaríamos direto para os testes em humanos."
 
Fonte: O Estado de S. Paulo


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